24 fevereiro 2011

Preciso derrubar uma parede

É urgente! Está na hora de intergrar, abrir espaço. O problema é que dá um trabalho insano e eu tenho dificuldade em lidar com reformas, prefiro comprar pronto, mas nem sempre é possível.

Minha meta agora é essa: me organizar para derrubar paredes, arrancar portas e minimizar. Preciso mais espaço!

23 fevereiro 2011

Terceira idade

Terceira idade, melhor idade uma ova! Detesto esses rótulos politicamente corretos.O que acontece é que tudo mudou, atrasamos uma década.Os 40 de hoje correspondem aos 30 de algumas décadas atrás, os 50 correspondem aos 40 e assim vai.

Em meados do século XX, as coisas eram mais simples: éramos crianças até os 13 anos, adolescentes até os 18 e depois éramos adultos. Simples assim. Aos 50 ou 60 éramos velhos e pronto. Agora somos crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens, adultos e  começa aquela coisa chata do idoso, da melhor idade, quarta idade e sei mais o quê.

Tenho 60, não me considero idosa, mas se estou na fila preferencial escuto lá do caixa alguém gritar: - A senhora é idosa? - Sou -  digo eu com o RG na mão. Mas juro...não me considero. Sou independente ao extremo, profissional autônoma, não tenho carro por me sinto mais livre, cuido do núcleo familiar, gosto de poesia, cinema, de estudar,  de dançar, de namorar. Acho estranho ter que ser idosa.

Só vejo uma maneira de definir minha idade: plagear Vanessa Redgrave e dizer que "estou na minha plenitude". Acho que é isso, vivo minha plenitude!

11 fevereiro 2011

Hoje eu estou meiga

Peguei pesado com a cheirosa da academia e fiquei com remorso. Quando saí hoje cedo fiquei olhando as poucad flores que aparecem no meu caminho, parei para ver um pouco de arte no metrô e entrei na livraria. Com esse calor dos infernos não tenho vontade de fazer nada, mas o destino não quer nem saber qual a mínima e a máxima do dia. Ele só destinar. Então, um tanto letárgica, sigo o destino, a rotina que escolhi.

09 fevereiro 2011

Perfume perturbador

 Eu queria entender melhor o hábito de se usar perfume. Dizem que surgiu no Egito, com óleos extraídos das flores, era um hábito dos ricos tomar banho, esfregar o corpo com uma mistura de cinzas e argila, provavelmente o tataravô do sabonete, e depois passr um óleo aromático no corpo. Mais ou menos o que se faz hoje. O hábito foi se tranformando com tempo, mas nunca caiu de moda.

Perfume é não é para qualquer um, quanto mais caro for, mais cobiçado, passa a ser um anúncio do poder da pessoa que o usa. . É muito bom sentir um aroma de frescor após o banho, ou estar perto de alguém levemente perfumado, o exagero porém, acaba com a brincadeira.

Tudo bem, mas hoje em dia todo mundo usa perfume e nem sempre são os mais caros. Para que tanto meu Deus? Se tudo tem cheiro: o shampoo, o condicionador, o sabonete, o hidratante, o gel, o desodorante, o papel higiênico, o absorvente, a loção após barba, o sabão de barba, o preservativo. Isso sem falar nos cosméticos.

Fico pensando porque uma pessoa, em sã consciência de enche de perfume e vai para a academia as 7 da manhã. Só posso achar que essa pessoa acha que fede tanto que tem medo que os outros percebam o seu fedor e o disfarça com muito perfume. E quem vai no banheiro no trabalho e espirra perfume para não deixar rastro? Sinceramente, eu prefiro o outro cheiro, pelo menos passa logo e não fica empregnado na infeliz que entra no banheiro logo depois. E tem aquelas pessoas que passam perfume no rosto, suam e saem beijanto as amigas, marcando território.

Falta de educação total, de consideração com o nariz dos outros.

06 fevereiro 2011

Domingo

Saio decidida a começar bem o dia. Tênis, roupa folgada, chapéu e óculos. Desço a ladeira em passos largos. Demoro a travessar a avenida, mas me animo ao ver o lago. Procuro não olhar para os alpinistas de Brecheret para não perder o humor.

As árvore, em família, regozijam-se em verdes limpos pela chuva do dia anterior. Gosto disto.

Escolho uma trilha no meio da vegetação e caminho por ela um tempo, encantada com as nesgas de luz desenhadas pelo sol da manhã. Em certo momento não posso evitar o caminho do asfalto e é aí que eu me arrependo de ter saído de casa. desviando de velocípides, skates e cachorros, aperto o passo procurando seguir o fluxo que vai, cuidando para não me engastalhar nos apressados do fluxo que vem. Mal aprecia a paisagem. Tenho a impressão de que a cidade inteira teve a mesma ideia que eu.

Mulheres maquiadas e vestidas de griffes da cabeça ao tênis, cabeludos sem camisa balançando a barriga, ciranças histéricas exageram no choro e na alegria, casais irmanados pela longa convivência, cárdiobubdas se equilibrando em micro selins. Um circo.

Estou quase terminando a volta no lago e logo vou atravessar a avenida novamente. Uma subida me espera. Será que eu dou conta? E os aplinistas continuam fazendo a festa do desrespeito à arte.

01 fevereiro 2011

Viagem ao jardim

Empurrei a pesada porta de ferro que dava para o jardim e fui direto ao canto perto da grade onde ficavam os agapantos. Havia chovido, as flores haviam caído, as sementes verdes e aladas pareciam louva-deuses agrupados em conspiração. Queria tocá-los, mas me davam aflição, poderiam voar para cima de mim. Baixei a cabeça e me agachei apoiando os braços gordinhos nos joelhos e, com o dedo indicador, cavouquei a terra procurando minhocas. A terra estava fofa, não foi difícil achar e enfileirar as coitadas na borda de cimento que contornava o canteiro. Desesperadas e cegas pela luz buscavam a escuridão segura e macia de seu habitat.

Que gosto teriam? - pensei. Tinham gosto de terra.

Em fileira, formigas avermelhadas carregavam pedacinhos de folhas. Eu não tinha coragem de matá-las, mas também não gostava delas, eram egoístas e não gostavam de cantar. Então achei por bem dificultar seu caminho colocando pedras, pauzinhos e minha própria mão para ver o que elas faziam. Chatas. Depois de um tempo desisti e voltei minha atenção para as plantas.

Bem no meio do canteiro havia uma costela-de-adão copada, com folhas enormes. Bem no meio delas eu vi uma espécie de flor branca com uma banana limpa e lisa saindo de dentro. Uma tentação. Certamente minha mãe nãome deixaria tocá-la. Naquele momento, porém, eu estava só, ninguém me vigiava. Eu era obediente. Bastava alguém me dizer que eu não podia passar do portão que eu não passava. Mas, ninguém me disse para não pegar a flor/banana. Peguei. Comi.

No pronto socorro me fizeram vomitar, eu detesto vomitar. Minha boca estava inchada e vermelha, a língua grossa e a garganta ardendo. A enfermeira abriu um armarinho de ferro e vidro, pegou uma espécie de palito de cristal e enrolou um chumaço de algodão na ponta. Mergulhou aquilo num vidro cheio de líquido roxo, pediu que eu abrisse bem a boca, não ia doer nada.

Voltando para casa com a boca, a cara e o vestido pintados de roxo eu chorava tanto que minha mãe precisou parar o carro, se ajoelhar no banco, virar para trás e ver o que estava acontecendo. Nada. Eu só estava arrependida. Fiquei anos sem comer banana.