tag:blogger.com,1999:blog-85882310573890884472023-11-16T09:27:10.617-08:00Sandra SchamasUnknownnoreply@blogger.comBlogger249125tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-9429990727815303922018-07-16T16:45:00.001-07:002018-07-16T19:27:18.559-07:00QUANTAS COPAS DO MUNDO JÁ ASSISTI? por sandra schamas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yRHxTa7__bRNwsoL8_2-dLIb2mupAJ_U-azQbGx9qLdDsxvqjpm_781XSKib2J2ki5xv_7ZSTRcSC8_VfFisfPHEMDcKYNvSm9QqhKiPktIJlDAUMgMzd4uelj2U-pjxLOHw6xGdm28c/s1600/GOL-DE-PLACA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="440" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yRHxTa7__bRNwsoL8_2-dLIb2mupAJ_U-azQbGx9qLdDsxvqjpm_781XSKib2J2ki5xv_7ZSTRcSC8_VfFisfPHEMDcKYNvSm9QqhKiPktIJlDAUMgMzd4uelj2U-pjxLOHw6xGdm28c/s320/GOL-DE-PLACA.jpg" width="320" /></a>Muitas? Sim.<br />
Inesquecíveis?<br />
Talvez as de 1994 e 1998, tempo em que eu morava fora do país e era um tanto ufanista. Agora, em 2018, fazendo um esforço para não ser crítica demais, o que é típico dos meus 60+, resolvi assistir aos jogos do Brasil em casa, sozinha, para não ter interferências e nem ouvir comentários. E assim foi. Torci, é claro, mas parecia que alguma coisa estava faltando.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD0QgpmJICDSUE2qHUMu6Q4uYHLMO9c3tVKqeSWyHDCvftAAF5cgOvUU_6i84I3-x0_IpyYJ8HrWKzUcGU3VnzuGjj0qKJQG1mSAPKDJoGQCO4DkNdYCbXFw9pon2-AHMxwWesD-7aKWa9/s1600/luka.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="182" data-original-width="277" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD0QgpmJICDSUE2qHUMu6Q4uYHLMO9c3tVKqeSWyHDCvftAAF5cgOvUU_6i84I3-x0_IpyYJ8HrWKzUcGU3VnzuGjj0qKJQG1mSAPKDJoGQCO4DkNdYCbXFw9pon2-AHMxwWesD-7aKWa9/s1600/luka.jpg" /></a></div>
Depois de conversar quase uma hora com um amigo que entende de futebol, vi que não estou tão velha e nem tão louca assim. O futebol mudou muito e eu ainda estava estagnada naquela ideia do futebol romântico de priscas eras. Esperava lances mirabolantes o tempo todo e não conseguia decidir se o Brasil estava jogando bem ou mal. Tudo me pareceu preso, enlatado e sem graça. Teria tirado Neymar em algum segundo tempo, na tentativa de que seu substituto viesse com um elemento surpresa e o Jr. parasse de cair. Foi então que entendi que a torcida quer ver o Neymar, todos querem ver seu ídolo e cada seleção tem o seu. O futebol atual mais parece jogo de xadrez: tudo muito estudado, planejado, cauteloso. Os brasileiros não surpreendem mais e o mundo aprendeu a jogar bola, principalmente a Europa. Agora é de igual para igual. Está certo. Já fomos campeões cinco vezes, está na hora de outros também ganharem.<br />
<br />
Eu assistia aos jogos sem ter a mínima ideia de quem eram nossos jogadores. Nunca tinha visto aqueles meninos, só conhecia o Neymar. Depois o Marcelo, com aquele cabeleira. Até os cabelos mudaram, os uniformes cheios de tecnologia, as chuteiras coloridas e futuristas. Fica bonito no campo. As seleções são formadas por jogadores de toda parte, uma miscelânea; ninguém mais joga pelo seu país de origem, tem até brasileiro naturalizado russo! O Brasil é uma espécie de viveiro, onde os meninos com talento são escolhidos e quando fazem 18 anos são comprados. São moldados para serem super profissionais, muito bem treinados a fazer o que o mandam e jogam por dinheiro. Faz sentido. Me parece que hoje tudo é assim me$mo: o consumo é seguido como religião, meia dúzia manda e os demais obedecem, feito um rebanho de carneirinhos alegrinhos, saltitando por caminhos já traçados -- todos de fone no ouvido e celular na mão.<br />
<br />
Os torcedores, em geral, são ansiosos, se confundem, ficam vendo no Youtube os melhores lances e esperam dos jogadores o impossível. Estes, por sua vez, podem jogar de modo espetacular, ou não. Acontece. Não são máquinas, ainda. O Brasil para, ninguém trabalha, muitos gastam o que não podem para ir assistir a copa ao vivo, levam a família inteira e acham que é obrigação da seleção brasileira ganhar o tempo todo.<br />
<br />
De olho na tela, observando tudo meio desconfiada, pensei que seu aceitasse o que estava vendo, sem criticar, poderia torcer de maneira mais consciente e aproveitar melhor o momento.<br />
<br />
Antigamente era melhor? Não sei. Era diferente, mais simples, mais inocente, espontâneo. Hoje temos muitos recursos, simulação por imagem digital, tecnologia, estatísticas, especificidade nos treinos etc. Os jogadores correm muito mais do que corriam nos anos 1970, têm maior desempenho e técnica. Até goleiros têm muito mais agilidade, apesar de serem mais altos, não deixam passar nada.. Houve evolução.<br />
<br />
Tenho saudades das copas com os super craques cheios de garra, calção curto e meia de algodão. Porém, 'relógio que atrasa não adianta'. Não adianta nada ficar remoendo o passado. Fala-se muito em aceitar as diferenças justamente porque fazer diferente, pensar diferente, não é fácil. Essa história de que 'no meu tempo era melhor' é muito relativa.<br />
<br />
Enfim, a fila anda, as coisas mudam e a gente tem que aprender a mudar com elas. Foram jogos bonitos, os finalistas deram o sangue e, se a gente encarar o esporte com mente aberta, pode curtir belos espetáculos tendo como protagonistas atletas especiais.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-41271029442226655582018-06-28T10:51:00.003-07:002018-06-28T10:51:59.666-07:00CHRONOS E KAIRÓS - por Sandra Schamas<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #747474; font-family: "pt sans", arial, helvetica, sans-serif; margin-bottom: 20px;">
Sobre o tempo.<br />
No discurso de seu aniversário de 80 anos, o professor, mestre e doutor Rubens Murillio Trevisan descreveu lindamente o conceito de Chronos e Kairós. Com seus profundos conhecimentos de filosofia e teologia, nos encantou com sua voz amorosa e confiante e me fez entender que Chronos é o tempo dos homens, do relógio, das horas convencionais, e Kairós é o tempo oportuno, o tempo de Deus. </div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #747474; font-family: "pt sans", arial, helvetica, sans-serif; margin-bottom: 20px;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitF5byIWLxr2BuK5gyjfEM8FilL7WC4Mnnvt96YpiB9z-R4KhlIiYOlZlAg3uDYJvmMmLhTxRgBfubfyNz1nFX9CPXcWW7SEKaO8NEncxEuDQ3uZixOUtETXwmw3c2rxxUt_SL8MnENxXT/s1600/cronos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="550" data-original-width="400" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitF5byIWLxr2BuK5gyjfEM8FilL7WC4Mnnvt96YpiB9z-R4KhlIiYOlZlAg3uDYJvmMmLhTxRgBfubfyNz1nFX9CPXcWW7SEKaO8NEncxEuDQ3uZixOUtETXwmw3c2rxxUt_SL8MnENxXT/s400/cronos.jpg" width="290" /></a></div>
Antes do catolicismo, a mitologia já personificava Chronos como o senhor do tempo, aquele que devora enquanto gera. Devora os próprios filhos, os seres e o destino.<br />
<br />
Kairós era representado por um jovem nu com asas nos ombros e nos tornozelos, tendo nas mãos uma balança, símbolo do equilíbrio e da justiça: é veloz, mas não passa da medida.<br />
<br />
Sempre que estou concentrada, em alguma atividade que me realiza, completa e nutre, me imagino voando com Kairós. Eu poderia dizer que essa sensação de estar no aqui e agora define o que é felicidade, total conexão com o universo interior e exterior.<br />
<br />
Ao pensar nos meus 60+, volto para as décadas anteriores. Sem falar no primeiros anos da infância, quando o tempo era de Kairós, me dou conta que, quanto mais entrava na idade adulta, mais os anos eram devorados por Chronos. Ás vezes, quando o deus implacável e faminto descansava, o jovem com asas tinha vez. Porém,com o passar dos anos, com as exigências da sociedade, me senti totalmente escrava de Chronos.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-fSjMkii4x9x0sfQFobIu51_syou5w8l05txAIg5eeW2jSPVGIRnQKVOfLa1aP1YuygkxgQuF6whjwWXh711VQkiA-0DpGAuBzAiTro9RTsI7k4cMQM95OEV-OHqycXUFyOsTM8IIHOBC/s1600/kairos_rev.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="497" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-fSjMkii4x9x0sfQFobIu51_syou5w8l05txAIg5eeW2jSPVGIRnQKVOfLa1aP1YuygkxgQuF6whjwWXh711VQkiA-0DpGAuBzAiTro9RTsI7k4cMQM95OEV-OHqycXUFyOsTM8IIHOBC/s400/kairos_rev.jpg" width="232" /></a></div>
<br />
Recentemente senti a necessidade de repensar ao mistério davida e o mistério da morte. Quantos anos mais vou viver? Não sei, ninguém sabe. Então, por que não deixar Chronos interferir apenas no que é indispensável e fazer uma parceira com Kairós, pedindo emprestado suas asas e sua balança? Qual é o tempo oportuno? Qual é o tempo de Deus, o que me faz voar em outra dimensão?<br />
<br />
Cada um tem seu próprio conceito de qualidade de vida, de bem estar, de plenitude e todos os clichês sobre o envelhecimento, tão em alta nesse século. Quanto a mim, fazendo as contas, sei já vivi mais da metade do suposto tempo nessa vida, sei que alimentei muito Chronos, mesmo assim ele continua faminto, e que Kairós está à minha disposição, vou tentar emprestar as asas do segundo.<br />
<br />
Dentro do pensamento filosófico/mitológico de que temos esse tempo oportuno, ou tempo de Deus, quero, no mínimo ser útil, e mergulhar no que me interessa.<br />
<br />
O envelhecimento em si, a plenitude, a finitude, a literatura do mundo inteiro, o que as pessoas andam fazendo de bom por aí, as tendências minimalistas e de reaproveitamento, mais o profundo interesse em ajudar o outro são, nesse momento, os veículos que me fazem voar.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-65087119194361643722018-06-26T07:40:00.001-07:002018-06-26T07:40:32.793-07:00E-CONTOS PASSAGEIROS - Sandra Schamas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFFjuoEPDDrxfvitBl_ygbFaXX8aywkymJtwhTHkCDoAyPEUlA10HZZG499rgbJwPYClIaKk6Hnc8_A9opxcrbJaAXuCXV10IE4l5ADY2napMj80yLMVmC8-N7f-7rNV2Hlxx298neKVmA/s1600/e-contos+metro2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="935" data-original-width="1170" height="159" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFFjuoEPDDrxfvitBl_ygbFaXX8aywkymJtwhTHkCDoAyPEUlA10HZZG499rgbJwPYClIaKk6Hnc8_A9opxcrbJaAXuCXV10IE4l5ADY2napMj80yLMVmC8-N7f-7rNV2Hlxx298neKVmA/s200/e-contos+metro2.jpg" width="200" /></a>E-Contos Passageiros de Sandra Schamas<br />
por Ana Célia de Mendonça Goda Cunha<br />
<br />
Prefácio<br />
<br />
Uma parada imperdível.<br />
<br />
Vivemos em um mundo em mutação. Pessoas, as mais diversas
e de todos os cantos, se conectam e desconectam a cada segundo. A
sensação é de que o tempo agora passa mais rápido, de que ele nos
escapa; talvez porque nunca antes tenhamos ficado tão plugados ao
novo relógio: o celular. É nessa plataforma que o e-book da Sandra vem te encontrar.<br />
<br />
<br />
Sandra Schamas escreveu os contos, as crônicas e as outras
narrativas breves desta coletânea inspirada em personagens e
situações reais, que ela conheceu enquanto se locomovia no
transporte público de São Paulo nos últimos anos. “Observar
as pessoas e ouvir suas histórias era meu descanso entre uma
atividade e outra”, ela me disse.
Como o flâneur da era impressionista é retratado pelo pincel
agitado do pintor para revelar os novos contornos de seu tempo,
Sandra veicula com habilitação uma surpreendente comitiva de
personagens. Estes nos são entregues por narradores diferentes,
apresentam sotaques de destinos vários, e estão vestidos com
estilos que não seguem uma única moda.
À moda de Sandra, enxergar o passageiro do lado com olhos
novos é possível [ou a si mesmo]. Foi o que aconteceu aqui comigo.<br />
<br />
Ana Célia de Mendonça Goda Cunha
Editora, professora, escritora e revisora 0Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-30847547891703091762018-06-25T16:32:00.000-07:002018-06-25T16:32:38.966-07:00SOLIDÃO BENFAZEJA por Sandra Schamas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij40ZjGR0EMliyQpEdGbH1whyphenhyphenhagmOsaYePi57R6v3zcuKX4QWurS60yevbGooEMXaSI9z17MOiXkI_FK4XRx8stKmOzMyXDZ8a1fbij8VcTfm8cj75IN7DWOgsEDFOMFVANlf4-SHvk8-/s1600/solid%25C3%25A3o-1024x769.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="769" data-original-width="1024" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij40ZjGR0EMliyQpEdGbH1whyphenhyphenhagmOsaYePi57R6v3zcuKX4QWurS60yevbGooEMXaSI9z17MOiXkI_FK4XRx8stKmOzMyXDZ8a1fbij8VcTfm8cj75IN7DWOgsEDFOMFVANlf4-SHvk8-/s320/solid%25C3%25A3o-1024x769.jpg" width="320" /></a></div>
Acabo de ver no jornal da manhã que nos Estados Unidos fizeram uma estatística com 20.000 americanos e criaram uma escala da solidão com pessoas de várias idades. Conforme a idade aumenta, o índice de solidão diminui.<br />
<br />
Entre 18 e 22 anos 48,3 % sentem solidão:<br />
<br />
Os mais jovens sentem a solidão da incompreensão, da dificuldade de estar com outros que pensem como ele e de achar que as pessoas não o conhecem como indivíduo, apesar do intenso uso das redes sociais<br />
<br />
Com 72 anos ou mais 38,6% se sentem sós:<br />
<br />
Os mais velhos se sentem mais próximos dos outros e sabem que têm pessoas com quem podem contar.<br />
<br />
Os estudos dessa pesquisa relatam que a solidão e a saúde estão ligadas;<br />
<br />
<ul>
<li>A solidão aumenta o estresse.</li>
<li>A atividade física e o sono diminuem a probabilidade de se sentir solidão.</li>
<li>Ter amigos, conviver com a família diminuem a sensação de se estar só.</li>
<li>Ocupar-se, sentir-se útil, ser o protagonista de sua vida diminuem a solidão.</li>
<li>Mas, o mais importante é buscar o equilíbrio.</li>
</ul>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8cuOreEvx43I1G_tf7oIGuNkgZMavZ-BhHDXgtjjgU8TPs8UIhx6_l7Zw2aJaI30uCJhMB9vC5K6XoOF0a3kFOzcb4naJsf2C_jmbHVzgJhKDdgg38fdiJFnLj3LVWVveGtZP0sYbXrFw/s1600/equi.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8cuOreEvx43I1G_tf7oIGuNkgZMavZ-BhHDXgtjjgU8TPs8UIhx6_l7Zw2aJaI30uCJhMB9vC5K6XoOF0a3kFOzcb4naJsf2C_jmbHVzgJhKDdgg38fdiJFnLj3LVWVveGtZP0sYbXrFw/s320/equi.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
Pessoalmente sinto que necessito estar só em certos momentos, preciso desse recolhimento, desse tempo comigo para recarregar minhas energias. Que sensação incrível é se jogar no sofá para ler um bom livro ou assistir uma série na TV, depois de um interminável almoço de família! Esse ninho acolhedor que é a família nos alimenta e nutre com vários sentimentos bons. Nutre tanto que precisamos um tempo para digerir.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Quando temos decisões a tomar, nos empenhamos em algum aprendizado que julgamos importante, quando nos divertimos com nossos pares e rimos de nossas dificuldades também precisamos de um tempo para nos recuperar. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Felizmente nos 60 + temos tempo e maturidade para entender que, com calma e perseverança podemos usufruir dessa fase interessante da vida.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Equilíbrio é tudo de bom.</div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-62344520089027456052018-06-11T11:32:00.000-07:002018-06-25T16:31:21.774-07:00QUANTOS ANOS VOCÊ TEM? por Sandra Schamas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV0nRTpUtNqmXSh6iOC8eTxQTPXzKIZn3WXqGlZ-jclFeojVHnAcSBahH-T-zp-VCu4_jitNCxbQjJCWBR7JjFkwXxkXbslq7B2WO7cs9RSyMZZ2eeUzV_-MPwROAQIcLF7Apwp2K460Nh/s1600/idade.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV0nRTpUtNqmXSh6iOC8eTxQTPXzKIZn3WXqGlZ-jclFeojVHnAcSBahH-T-zp-VCu4_jitNCxbQjJCWBR7JjFkwXxkXbslq7B2WO7cs9RSyMZZ2eeUzV_-MPwROAQIcLF7Apwp2K460Nh/s320/idade.jpg" width="320" /></a></div>
Filha e neta de duas italianas poderosas e muito vaidosas, cresci achando que perguntar a idade de alguém, além de falta de educação, era um sacrilégio. Assim que percebi que não ia conseguir resposta para essa pergunta direta, resolvi mudar de estratégia. Comecei a perguntar a idade de outras pessoas da família, começando por meu pai que, já instruído, mudava de assunto. Assim, só fui saber a idade de minha mãe quando precisei mexer nos documentos dela, antes de uma grave cirurgia que precedeu sua morte. Mesmo assim, me sentia desconfortável.<br />
<br />
Será que o número é tão importante? Acho que hoje em dia, sim. As revistas de fofoca não se cansam de dizer a idade dos famosos. Fulana (65) e fulano de tal ( 49) embarcam para Paris. Fulaninha (28) diz que ainda é cedo para ser mãe, mas que um dia vai realizar esse sonho. Beltrano (75) corre a Maratona de NY.<br />
<br />
Acredito que esse tabu vem de um preconceito ocidental para com as pessoas mais velhas, que a partir de determinada idade ficavam à parte, ou se colocavam numa posição de recolhimento achando que não havia mais nada para fazer , muitas vezes se tornando um estorvo para as famílias. O preconceito de idade também tem a ver com a sexualidade e o período de reprodução. A menopausa, para as mulheres, que pode ser bem incômoda, e o medo da impotência que assombra os homens. Havia também um conceito interessante a respeito da idade certa para se casar: a mulher deveria ser mais jovem que o marido. Existe até uma tradição popular no Oriente Médio em que, segundo alguns, a idade ideal da esposa deve ser a metade da idade do marido +7. Então, se ele tem 30, ela deve ter 15+7= 22. Se ele tem 60, ela deve ter 37. Interessante. Nada disso é válido hoje em dia e as diversidades estão aí para serem defendidas.<br />
<br />
Voltando à questão do envelhecer, muitos problemas que se referem à saúde e a aparência, a ciência pode resolver. Tratamentos de fertilidade, hormônios, Viagra, inseminação in vitro, barriga de aluguel, mãe que empresta o útero para gerar o embrião da filha, isso sem falar na criopreservação de óvulos sêmen e embriões. Além do incentivo à cultura ao corpo, promovido pela mídia, é possível se obter resultados milagrosos no campo da cirurgia plástica, lipoescultura, próteses, rejuvenescimento das mãos, na aparência do rosto, dos cabelos e dentes. Técnicas super inovadoras tornam realidade o sonho da fonte da juventude.<br />
<br />
Então, por que será que as pessoas ainda não gostam de falar de idade?<br />
<br />
Ontem, depois de um fim de semana cheio com família e amigos, as dores, até então dissimuladas por tantos sentimentos bons, acabaram se manifestando. Pensei, então: é tão bom estar por aqui. Que pena que o corpo envelhece. Que pena que quando a mente está a todo vapor, o autoconhecimento em plena forma, a experiência em plenitude, a vontade de viver a mil, o corpo começa a dar sinais de desgaste. Que pena!<br />
<br />
Justo agora que posso fazer tantas coisas por mim mesma e pelos outros, tanto no âmbito familiar quanto no social mais amplo, tentando deixar um mundo mais justo para as futuras gerações, meu corpo me avisa que não tenho mais tanto tempo?<br />
<br />
Nessa fase da minha vida isso me preocupa. Tenho a certeza de saber que um dia não estarei mais aqui e a incerteza de não saber quando isso vai acontecer. Enquanto isso, vou fazendo o melhor que posso. Como? Descobrindo belezuras da natureza escondidas nesta selva de pedra que é a cidade, apreciando as coisas mais simples, curtindo os amigos, olhando nos olhos dos desconhecidos e prestando atenção no que eles falam. Brigo com as parafernálias tecnológicas, mas gosto de aprender. É claro que nem sempre sou uma Poliana fazendo o jogo do contente, tal seria. Sempre que posso, procuro sempre habitar naquele lugar do meu coração que me diz que estar viva já é um presente. No presente.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-4868777556244802182018-05-24T07:53:00.001-07:002018-06-25T16:31:53.317-07:00EU ME REINVENTO, TU TE REINVENTAS, ELE SE REINVENTA...por Sandra SchamasEnquanto os mais jovens - ainda bem que nem todos - dormem nos assentos destinados aos idosos, gestantes e pessoas com deficiências físicas, os mais velhos - nem todos, mas a maioria - tenta ser gentil. Já vi senhores aparentemente de 80+, cederem seu lugar a uma senhora, talvez 70+. Já vi muitos se ajudando a subir e descer, principalmente daqueles ônibus mais antigos cujos degraus são uma verdadeira escalada. Cumprimentam-se, sorriem, fazem algum comentário banal. Há comunicação, notam a presença do outro, preocupam-se com aquele ser humano que está ali na mesma situação. Reclamam também, mas faz parte. Gosto mais de observar, mas quando instigada a interagir o faço de bom grado.<br />
<br />
Ontem, em um percurso rápido, logo me sentei do lado do corredor, para minha comodidade, confesso. Uma senhora veio se sentar ao meu lado avisando que iria descer logo. Eu também. Me afastei para perto da janela e ela agradeceu se sentou; descobrimos que desceríamos no mesmo ponto. Assim a prosa começou.<br />
<br />
Nilda, bonita e bem disposta, me conta que quer chegar logo em casa para cozinhar. Eu digo qualquer coisa a respeito de pensar o que fazer e ela prontamente responde que tem tudo programado na cabeça. Ok.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIyadI1G85rDQolu75nhDy9QNTZdbh5VIpl_HYX_AMoPORmaeHwysPMbLGyN5Sl5Sle_stuMNGCY2Go8Ad7g0VbalDaDWqNFlP2nqlFIiK1gUngyeqxm_Erg8ZQmNNWhcRzmdFzy2lgEv7/s1600/marmitex.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="352" data-original-width="640" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIyadI1G85rDQolu75nhDy9QNTZdbh5VIpl_HYX_AMoPORmaeHwysPMbLGyN5Sl5Sle_stuMNGCY2Go8Ad7g0VbalDaDWqNFlP2nqlFIiK1gUngyeqxm_Erg8ZQmNNWhcRzmdFzy2lgEv7/s320/marmitex.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Conversa vai, conversa vem, acabou me contando sua vida. Após trabalhar 28 anos como secretária pessoal aposentou-se, mas seu chefe não se acostumou sem ela. Continua trabalhando das 09h00 às 17h00, numa boa, pois está mais do que acostumada com a rotina. Porém, querendo aumentar sua renda, resolveu fazer refeições fitness criando um sistema que permite atender seus clientes de um dia para o outro usando whatsup. Congela os ingredientes, pois precisa de quantidade, e sabe exatamente preparar refeições por peso, em proteínas, carbo-hidratos, fibras, etc, conforme o pedido. Gostei da Nilda. Descemos juntas e pedi seu cartão. Não tinha, mas rapidamente me adicionou aos seus contatos e meia hora depois eu recebia seu menu prático, bem explicado e com valores.<br />
<br />
Fiquei contente e surpresa ao ver tamanha eficiência e simplicidade. Sem dúvida, vou experimentar um kit fitness, com legumes, arroz integral, proteína, e tudo que eu preciso para uma refeição balanceada e ainda ganhar de brinde 3 potes de feijão preto ou fradinho. Detalhe: ela entrega em casa.<br />
<br />
Fico pensando que enquanto alguns fazem de tudo para complicar a vida, para dificultar qualquer movimento de mudança, outros se arriscam, tentam e se reinventam naturalmente.<br />
<br />
Achei que valia a pena contar.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-3325184327421962242018-05-22T08:48:00.001-07:002018-06-25T16:32:16.538-07:00A NOVA FACE DA VELHA SOLIDÃO por Sandra Schamas<div class="m_178267796092953031gmail-" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Já estou nas alturas. Sem preocupações nem cobranças, apenas aproveito o tempo em minha companhia. <span style="text-indent: 36pt;">Tiro um cochilo e acordo com o rosto no vidro. Vejo pela janela o solo quadriculado, lembrando uma colcha de retalhos de veludo cotelê, com todos os tons de verde, marrom e ocre. Plantações.</span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><span style="text-indent: 36pt;">A cidade na linha do horizonte como se fosse uma maquete morta, velha e empoeirada, arreganha arranha-céus sem vida, sem cor. </span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Divago na descrição do cenário para tentar me entender. Cochilo novamente.</span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit3lJXFFRKj-RKqADXQGW6Xl6Qbk68HDK0vQn3nQG4ZOntq1jDGvjP06MAdMoUtC5kIAFnQevimxN8pUxNM6Z_vVn2sUSzDrODzFrDjbUaV3BFgBUQ1QK-vSwITf-D-7-OGfeYfXIqJHbF/s1600/MONTANHAS.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit3lJXFFRKj-RKqADXQGW6Xl6Qbk68HDK0vQn3nQG4ZOntq1jDGvjP06MAdMoUtC5kIAFnQevimxN8pUxNM6Z_vVn2sUSzDrODzFrDjbUaV3BFgBUQ1QK-vSwITf-D-7-OGfeYfXIqJHbF/s400/MONTANHAS.jpg" width="400" /></a><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Agora vejo as montanhas, a neve branca nos cumes, como bolos de chocolate amargo polvilhados com açúcar de confeiteiro. Nas montanhas, vejo uma face. É a nova face da velha solidão. Conheço o medo de estar só, já senti o vácuo de estar entre pessoas que se tornaram estranhas, sinto o vazio dos que se foram e a solidão das decisões. </span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<br /></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Sobrevoando as montanhas do Colorado procuro gravar o momento, esta nova face que me assusta e atrai. <span style="text-indent: 36pt;">É</span><span style="text-indent: 36pt;"> bela, é a solidão bem vinda que confirma que sou só, porém faço parte deste grande todo, onde os detalhes desaparecem nas nuvens. </span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Quanto tempo eu perdi. Agora simplesmente sou.</span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Neste momento, a paisagem é lunar. As nuvens de carneirinho se confundem com as montanhas cobertas de neve. Não me lembro de ter visto nada parecido. Flocos de algodão doce e açúcar de confeiteiro.</span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Sou meu pai e minha mãe, meu irmão e minha irmã, meu marido e minha esposa.</span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Eu sou. </span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Da janela, vejo apenas fumaça e luz. Paz é o deleite de estar só. Sinto cada parte do meu corpo: mãos ressecadas, cabelo despenteado, narinas dilatadas pelo ar pressurizado, mão e braço adormecidos, pernas inchadas e o coração batendo. </span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14.85px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<div class="m_178267796092953031gmail-separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<span style="text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "tahoma" , sans-serif; font-size: medium;">Sinto-me só, deliciosamente só.</span></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-84295387922199731122018-05-04T13:11:00.000-07:002018-06-25T16:33:00.914-07:00ATÉ A ÁFRICA por Sandra Schamas<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAxwSsAZqdtEeb4Nyh5mjnT9WtCoZl6IsrLuiFvFaNFAEUgVVlI3O9Fw08vjo4l_BDVPffeS_cbN0djVrfMjTfjyVrGQ-LOEk3kfJCWrg9VsOk7LNtXeLrhVtd4FYncGpYqQRC0jklUCOz/s1600/nadar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="279" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAxwSsAZqdtEeb4Nyh5mjnT9WtCoZl6IsrLuiFvFaNFAEUgVVlI3O9Fw08vjo4l_BDVPffeS_cbN0djVrfMjTfjyVrGQ-LOEk3kfJCWrg9VsOk7LNtXeLrhVtd4FYncGpYqQRC0jklUCOz/s1600/nadar.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pessoa inteligente com mestrado, pós-graduação em várias
áreas. Decidiu ser escritor na maturidade, quando sua bagagem de vida havia
acumulado experiências significativas. Porém, não saiu escrevendo à toa. Foi
buscar elementos, oficinas e, o principal, leitores. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sabia que quando estivesse pronto um editor iria
descobri-lo e publicá-lo e assim aconteceu. Resultado? Finalista do Prêmio
Jabuti.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Bom amigo, presente, pontual, sincero. Às vezes um pouco
esquisito, mas, afinal, todos nós somos de um modo ou de outro. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Outro dia
falávamos sobre envelhecer. Quando digo envelhecer estou falando dos 80+, posto
que 60+ já somos. Digo que gostaria de morar na praia, de poder ver o mar
todos os dias e ele me responde que já traçou seu plano: vai trocar seu apartamento
na cidade por uma casa no litoral, pé na areia. Um imóvel pelo outro, taco
a taco. Então, um dia, ele vai entrar no mar calmamente, sentir as ondas nos
pés, nas pernas, vai andar até onde der, depois mergulhar e nadar até a África.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Fiquei sem resposta, pensando apenas. Imaginei a cena, me
emocionei.<br />
<br />
Que privilégio poder decidir o final do livro que conta a história
da própria vida! </div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-84375413764303977742018-05-03T09:09:00.003-07:002018-06-25T16:33:23.621-07:00CORAGEM por Sandra Schamas<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Somos Reinventandos, participantes do curso
de Reinvenção Profissional da Uni-Inversidade dentro Movimento LAB60+. Nosso objetivo é divulgar a importância de nos reinventarmos sempre principalmente na maturidade, tanto pessoal quanto
profissionalmente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Nos reunimos mensalmente e nosso primeiro tema de discussão foi CORAGEM.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">A coragem pode ser
moral forte perante o perigo. Pode ser
bravura, intrepidez, perseverança, capacidade de suportar esforço, audácia e
uma infinidade de sinônimos. Estamos falando sobre a coragem de nos reinventarmos profissionalmente depois dos 50+, 60+ ou 70+, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">que pode levar também a uma reinvenção pessoal, renovando os
propósitos para nossa vida, ou procurando novos desafios.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Costumamos dizer que
somos os </span><span style="color: #222222; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> 'vetera novis', </span><span style="color: #222222; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">os novos velhos
nessa época em que a idade média do brasileiro sobe a cada dia, </span><span style="color: #222222; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="color: #222222; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">com perspectivas de chegarmos aos 100.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Quando eu penso em
coragem, penso no filme da década de 80 “Sociedade dos Poetas Mortos”, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com Robim Williams. </span><span style="background: white; color: #111111; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Penso na cena clássica no final do filme quando os alunos
ousam subir nas carteiras e dizem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Captain
my Captain</i> referindo-se ao poema de Withman e defendendo o professor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="background: white; color: #111111; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Pessoalmente acredito que <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a coragem pode vir depois de um grande medo; e o medo pode
esconder uma grande coragem. Medo e coragem andam juntos, competindo entre si e nos desafiando a tentar, ousar, arriscar, o que nem sempre é tão fácil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="background: white; color: #111111; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAccFqCK5fP_eCvxMO5-m0PrpT4JKCjFXbpEUKeUU2cDYk9bokXZSf-83F1nmJw33EeGJzT2DvkTSnjcur6Wh_69Uh5AkuT_eIC-X7XefHHtZrsZUegoiMq49ibN71LIFZxUTvBRU_yAt5/s1600/dead-poets-society-desktop-wallpaper.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="904" data-original-width="1600" height="361" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAccFqCK5fP_eCvxMO5-m0PrpT4JKCjFXbpEUKeUU2cDYk9bokXZSf-83F1nmJw33EeGJzT2DvkTSnjcur6Wh_69Uh5AkuT_eIC-X7XefHHtZrsZUegoiMq49ibN71LIFZxUTvBRU_yAt5/s640/dead-poets-society-desktop-wallpaper.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="background: white; color: #111111; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Diego Liguori, participante do grupo, nos chama a atenção para as pequenas coragens de cada dia. </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Diz ele:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;">Como vimos, existe a coragem com letra maiúscula, aquela que pode
nos levar e enfrentar grandes perigos por uma causa que consideramos essencial.</span></i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;">Porém, também existe a coragem de todos os dias, das pequenas ações.
Estarmos aqui juntos, o que parece tão simples, não é um ato de coragem?
Poderíamos estar em casa, lendo um livro, mas viemos até aqui procurando algo
mais. Não é preciso coragem para levantar-se todos os dias com vontade de fazer
coisas e com novas ideias na cabeça?</span></i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;">E a questão financeira? Viver com a incerteza de não saber se nossos
rendimentos atuais, sejam quais forem, vão nos permitir ter uma vida digna até
o fim.</span></i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;">Por fim, que dizer do esforço de mostrar que ser idoso não é um
carimbo de inutilidade. Pelo contrário, temos muito a oferecer à sociedade, mas
conhecendo também nossas limitações, sem pretender ir além do que elas
sinalizam. Não é um esforço coletivo de coragem que temos que cultivar todos os
momentos? </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;">Falamos também da coragem de procurar fazer algo diferente a cada dia, a coragem de enfrentar a cidade grande e agressiva, a coragem se conhecer, a coragem de falar o que pensa dentro de uma sociedade que valoriza as aparências, a coragem para sairmos de casa e buscarmos nossos pares e fazermos alguma coisa pelo bem comum. A coragem de ser!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvhHh1uvXZAYZAaLRXzs7qkOrFGWqp4c4Wd5Mv08GqlHUB6ersJYNIz-kxQnmi78tf0GYLbYjQOn5JpAy2Dxk_RqINFsOMrR-qXE5SGGiDZyXh4dG3u6iPuFgVvDVHnSxz_IW4WHjy6Vt-/s1600/clarice-lispector1_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="465" data-original-width="620" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvhHh1uvXZAYZAaLRXzs7qkOrFGWqp4c4Wd5Mv08GqlHUB6ersJYNIz-kxQnmi78tf0GYLbYjQOn5JpAy2Dxk_RqINFsOMrR-qXE5SGGiDZyXh4dG3u6iPuFgVvDVHnSxz_IW4WHjy6Vt-/s200/clarice-lispector1_1.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Clarice Lispector</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;">" Coragem e covardia são um jogo que se joga a cada instante."</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-21809122699003490492018-04-03T09:14:00.002-07:002018-06-25T16:33:46.298-07:00ESCREVER FAZ BEM OU FAZ MAL? por Sandra Schamas<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9J8hGyul5SWgQKmUb1sHELTEE2Zd9qjWOBI6Y47CLB9f2D05LdO-J7S2w7275_cNLHrsB_80v3QrdQlNmEwQQScMMYc-jnla1t0MOoKcM5QJwECutDM26nVObcsw2Dy1gmMx-j1vzBMQq/s1600/20180403_121902.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9J8hGyul5SWgQKmUb1sHELTEE2Zd9qjWOBI6Y47CLB9f2D05LdO-J7S2w7275_cNLHrsB_80v3QrdQlNmEwQQScMMYc-jnla1t0MOoKcM5QJwECutDM26nVObcsw2Dy1gmMx-j1vzBMQq/s400/20180403_121902.jpg" width="300" /></a>Quando a maturidade chega, vem uma vontade de escrever memórias, como se assim a gente ficasse por aqui para sempre. Além disso, tentar organizar um passado faz com que a gente passe a vida a limpo. Dizem que escrever memórias faz bem, mantém a cabeça ocupada com o projeto, exercita o relembrar. Acho que às vezes a gente fica bem, às vezes não. Para revirar as gavetas do passado é preciso curiosidade, uma certa coragem e muito desprendimento.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Já faz um ano que publiquei meu livro "As Tias, lendas de uma família..." pela Editora Patuá. Isso me fez avaliar o resultado, ou seja a resposta dos leitores. Não são tantos quantos eu gostaria, mas são bons, atentos, generosos nos comentários e nas críticas. Posso dizer que valeu.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Refleti também sobre a
minha escrita, o meu processo de escrever as memórias e como eu me sinto ao
escrever meus textos, sejam eles de um projeto em andamento ou simples crônicas
que posto aqui e ali.<br />
<br />
Escrever "As Tias" foi um longo processo mas
resultou em um estado de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">accomplishment. </i>Como
traduzir? Plenitude, realização, talvez dever cumprido ou sonho que se realizou
às custas de perseverança e determinação. Tive uma fase inicial, quando
descobri alguns segredos de família e, com isso, a vontade de querer saber mais
sobre as pessoas que não estavam mais aqui. Principalmente minha avó, que pouco
conheci, e despertou em mim imensa curiosidade. Na fase da pesquisa, o cuidado
de tocar nos assuntos proibidos e tentar entender o como cada omissão afetou
seus descendentes. A seguir, foi a fase do quebra-cabeças, juntando peças, ou
fragmentos de relatos. As pessoas foram morrendo, nesse meio tempo, e umas
histórias soltas foram se conectando com outras.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ouvi muitas opiniões de leitores beta, professores e
escritores. Travei. Deixei o livro de lado por algum tempo e marquei uma data
para fazer a revisão final. Nesse meio tempo, pensei que o livro era meu e que
assumiria toda responsabilidade pelo conteúdo e qualidade do texto. As opiniões
foram todas válidas, mas escrevi como eu mesma achava que deveria ser. Nessa
revisão, limpei tudo o que indicasse julgamento ou preconceito de minha parte e
assim pude perceber quanto amor existiu nessa família de imigrantes e seus
descendentes. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Escrever sobre a história da família de minha mãe me fez
bem. Foi uma sublimação dos ressentimentos que juntei durante minha própria
vida, foi um passar a limpo muito benéfico. Senti que todas aquelas pessoas
estavam ali comigo e que elas também estavam se sentindo bem. Tive uma longa
depressão “pós-parto” e depois de quase um ano decidi que o que eu quero fazer
da vida de agora em diante é escrever. E tudo que diz respeito ao hábito de
escreve: ler, estudar e estar com pessoas que tenham o mesmo interesse que eu.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Acredito que escrever “literatura” me faz bem. Escrevo todos
os dias. Escrevo o que eu quero que os outros leiam no computador. Depois
transformo em livros, contos, cônicas, mini contos e publico algumas coisas.
Porém, tenho cadernos e mais cadernos de escrita a mão, com canetas coloridas (
ou não, depende da fase) onde escrevo o que não quero que leiam. Geralmente são
cadernos bonitos, brochuras com capa de tecido ou belas estampas onde escrevo
para mim, para minha reflexão e autoconhecimento. Às vezes o processo é um
pouco doloroso, mas não tenho censura, ponho para fora o que me aflige.
Escrever assim também me faz bem. </div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-92061390651692792722018-04-02T09:56:00.000-07:002018-06-25T16:34:17.853-07:00QUANDO ELA COMEÇA? por Sandra SchamasSabemos muito bem como a velhice termina. Mas,como e quando ela começa?<br />
<br />
Dizer que as três fases da vida são infância, idade adulta e velhice é simplificar muito nossa existência por aqui. Os ritos de passagem de culturas diferentes indicavam ( e ainda indicam) quando a criança deixa de ser criança e passa a ser adulta. Uma passagem abrupta e decisiva. Simplificando, as meninas estão prontas para procriar e os meninos para serem machos corajosos e cuidarem das fêmeas e suas crias.<br />
<br />
Já, atualmente a subdivisão começa na infância: primeira infância, segunda infância e pré-adolescência. E a adolescência, que há muito pouco tempo nem existia hoje é super valorizada, pode ter uma indicação de quando começa, mas não se sabe quando termina. Em alguns casos, vai até depois dos trinta anos...<br />
<br />
A indicação que a idade adulta começa fica entre 18 e 21 anos quando o sujeito já pode dirigir e beber em lugares públicos. Depois são os anos de investir na carreira, juntar dinheiro, formar família, ou não. Mas, vamos pensar que hoje vivemos mais, fazemos coisas que as pessoas da mesma idade que temos não faziam antes - esportes, viagens, reinvenção do trabalho, novos relacionamentos e por aí vai. Ah! Dizem que os 60+ são os novos 40+! Os 50+ são os novos 30 e por ai vai. Com isso, o que observo é que a velhice pode também ser classificada. Digamos que entre 40 e 60 somos aspirantes a novos velhos. A partir dos 60 as mudanças se tornam mais evidentes e podemos dizer que estamos ficando velhos. Depois dos 75, sim, já somos velhos, veteranos em velhice.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<i>Aspirantes a velhos</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Novos velhos</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Veteranos em velhice...</i></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_snlb2ZB8oTwf1X3VaGWDh7p9BQNbWOk9j62-xGBbj_SPFC-tuRhNc8f0Zt22u_EpRjqoD11aCQUbtJSk3xXJHT02xcPKbgyDlJ400nwdONu_ipuM0bghE0sSD8VTeQLZz38AvkQRIggJ/s1600/m%25C3%25A3os.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1104" data-original-width="736" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_snlb2ZB8oTwf1X3VaGWDh7p9BQNbWOk9j62-xGBbj_SPFC-tuRhNc8f0Zt22u_EpRjqoD11aCQUbtJSk3xXJHT02xcPKbgyDlJ400nwdONu_ipuM0bghE0sSD8VTeQLZz38AvkQRIggJ/s200/m%25C3%25A3os.jpg" width="133" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
Acho que é mais ou menos assim.</div>
<br />
O quede fato importa é entrar em contato com a gente mesmo, buscar o autoconhecimento em qualquer fase da vida, principalmente depois de um tempo quando começamos a sentir mais as transformações do corpo, e tirar partido.<br />
<br />
Talvez a velhice seja uma segunda adolescência.Temos uma ideia de quando começa, mas não sabemos quando vai terminar...Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-76076283162593957002018-03-15T12:34:00.002-07:002018-06-25T16:35:15.139-07:00APOSENTANDOS - por Sandra Schamas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYzN-R9ARAe3LIki7i0q8OnKn4r6wMy_ImzyfwxNQK9n8yPdz6vzmGFzzzHeoLp0XtgUzG8UnWI1Q-Dq_D_8R_jbh3_CTeASohACFAciYsEfLuh6CH87YbSkrQ9QRuJzs13n70l6xopk8f/s1600/heaven-davidson.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="718" data-original-width="1319" height="347" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYzN-R9ARAe3LIki7i0q8OnKn4r6wMy_ImzyfwxNQK9n8yPdz6vzmGFzzzHeoLp0XtgUzG8UnWI1Q-Dq_D_8R_jbh3_CTeASohACFAciYsEfLuh6CH87YbSkrQ9QRuJzs13n70l6xopk8f/s640/heaven-davidson.png" width="640" /></a><br />
Encontro com Carlos Francisco, 66, não nos víamos há muitos anos e o assunto era mais ou menos o esperado. Como vai a família, e fulano e sicrana, e os filhos, o que tem feito. A conversa sai do lugar comum quando ele me conta que está se aposentando. Nada de depressão e nem entrar naquela de ficar consertando a campainha, trocando lâmpada, indo ao mercado ou "pesquisando" na internet.<br />
<br />
"Estou me aposentando numa boa porque já venho pensando nisso há anos. Me programei, voltei a ter moto e me distraio com isso já faz tempo. Fui incrementando a máquina, dando um trato e depois troquei por uma melhor. Hoje está do jeito que eu queria. Sabe o que eu faço? Quando as coisas começam a embaçar, eu pego a moto e saio por aí. Dou uma volta, às vezes pego a estrada e volto pra casa novinho, cabeça fria. E tenho os amigos também, a turma que se encontra na padaria do Venâncio todo sábado de manhã. É sagrado. A gente vai pra lá, bate papo, fala de moto, às vezes sai aquele enxame de motoqueiros só pelo prazer de pegar a estrada. Olha, vou contar pra você. Não tem coisa melhor.<br />
<br />
Durante a semana eu gosto de fazer caminhadas de pelo menos cinco quilômetros, até dez. É pra manter a forma. Ás vezes vou de manhã e de tarde. A cidade é plana e eu não tenho preguiça. Também não tenho barriga, olha aqui ó. "<br />
<br />
E bate a mão no estômago com orgulho. Nisso, chegam as filhas e abraçam o pai .<br />
<br />
" Meu pai não está gato, tia? Olha só, tem até tatuagem."<br />
<br />
Pergunto se ele usa jaqueta de couro e bandana, ele dá risada. Cuidar da moto e ir adquirindo os acessórios fez parte do projeto de aposentadoria. Hoje, em vez de ficar cutucando o passado ele tem coragem de fazer o que gosta, olha para frente, para a estrada, caminhando ou dirigindo a bike.<br />
<br />
Carlos Francisco tem um bom humor que faz com que a gente queira ficar por perto. Dorme bem, se exercita, se alimenta bem, mas não dispensa um torresminho, carne de porco, pimenta a cerveja. Dedica tempo de qualidade à família, o filho mais novo e o sobrinho também curtem moto, saem os três juntos. Aos domingos, sempre acontece um almoço no casarão antigo que era da avó, e agora a mãe e as tias tanto cuidam da casa como preparam os almoços. A família toda comparece, primos, sobrinhos, tios, tias e agregados.<br />
<br />
No facebook Carlos mantém discreto perfil, porém não deixa de marcar sua presença entre os amigos e assim nunca perdemos o contato nesses quase 40 anos. As fotos das viagens que faz com a esposa, ou das aventuras <i>on the road, </i>são geralmente da paisagem. Quando ele aparece, está lá fundo, mal da para ver. Entendo com isso a importância que ele dá para a natureza e os belos cenários que visita<br />
<br />
Meu amigo me fez pensar que ele é um bom exemplo de <i>vetera novis,</i> ou seja, de um novo velho que faz do limão que é envelhecer uma boa limonada (ou um copo de cerveja gelada). Sem muita firula, planejou sua aposentadoria e, no momento em que essa fase da vida está prestes a acontecer, já tem seu plano B. Se vai continuar para sempre? Não importa.<br />
<br />
Não importam também que os comentários preconceituosos pipoquem aqui e ali. Coroa motoqueiro, olha só de bandana e tatuagem, esses velhos de moto ... E outras alfinetadas se perdem no pó da estrada, eu diria que é pura inveja. Quem não se lembra de Peter Fonda e Jack Nicholson em Easy Rider? Quem não tem vontade de pegar uma moto e sair pela estrada com o vento batendo no rosto?<br />
<br />
A liberdade que a gente sempre anda buscando está bem na nossa frente, basta mudar o modo de olhar.<br />
<br />
<i><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: x-small;">Get your motor runnin'</span><br style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;" /><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: x-small;">Head out on the highway</span><br style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;" /><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: x-small;">Lookin' for adventure</span><br style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;" /><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: x-small;">And whatever comes our way...</span></i>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-51275420200771576372018-03-13T09:37:00.000-07:002018-06-25T16:35:34.886-07:00UMA PALAVRINHA por Sandra Schamas<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">UMA PALAVRINHA<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghAb3ZegPDmpDdoV7VnRz23fjbtAenp0ydrh7q-pOmDGYVJasgbNRb55ZRp8IHtwBOjTMxaBmLTxqyExiUNh4EBigNo8rNZ94vaQU23XWlT-kz7Iuqy4QDbfVK39fWPDhMZUuswx19xJ3u/s1600/palavrinha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="258" data-original-width="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghAb3ZegPDmpDdoV7VnRz23fjbtAenp0ydrh7q-pOmDGYVJasgbNRb55ZRp8IHtwBOjTMxaBmLTxqyExiUNh4EBigNo8rNZ94vaQU23XWlT-kz7Iuqy4QDbfVK39fWPDhMZUuswx19xJ3u/s1600/palavrinha.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Medicina. Seis anos de estudo em período integral. Depois, mais
quatro anos de residência e especialização - poucas vagas para completar a
prática – opção, quase obrigação, de mestrado e doutorado. Dez anos de estudos,
mais disposição para estudar a vida inteira. A Medicina é praticamente uma
missão, o médico jura consagrar sua vida a serviço da humanidade e ter a saúde
dos pacientes como primeira preocupação. Precisa saber lidar com os pacientes e
suas fragilidades, precisa estar preparado para conviver com a dor e com a
morte. Culturalmente, temos dificuldade até de tocar no assunto. Se alguém diz
quando eu morrer, logo ouve um credo vira essa boca pra lá...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Está muito
na moda dizer que os 50 são os novos 30, os 40 são os novos 60, mas será que os
que estão abaixo desses números sabem disso? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Maria
Cristina, bióloga, divorciada, 61 anos, feminista e defensora da ecologia vai a
um médico ginecologista pela primeira vez. Depois das perguntas de praxe o
jovem doutor pergunta:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- A senhora
ainda tem vida sexual?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ainda? Por
que ainda? Bruna Lombardi, fotografada pelo marido em poses sensuais, tem 65. Ney
Matogrosso, aos 76, arrasa nos palcos. Ah, mas eles são artistas! São. E daí?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Por acaso, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na na ocasião da consulta, Maria Cristina estava sozinha, mas
se sentiu constrangida ao dizer isso ao médico. Pensou em várias repostas não
muito educadas, mas achou melhor falar a verdade A palavrinha ‘ainda’ ficou
zanzando na sua cabeça por um bom tempo. Se ela fosse homem certamente o médico
não faria essa pergunta.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Há muitos
anos assisti a uma palestra do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nagual</i>,
ou xamã, conhecido por Dom Miguel Ruiz. Nascido no México, esse médico
neurologista resolveu estudar as tradições religiosas de seus ancestrais, divulgá-las
por meio de palestras e livros, além de adotá-las como filosofia de vida. O
primeiro livro “Os Quatro Compromissos da Filosofia Tolteca” explica que esses quatro
acordos abrangem toda a sabedoria do mundo. São eles: </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">1- seja impecável com sua palavra; </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">2- não leve nada para o lado pessoal; </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">3- não tire conclusões; </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">4 - dê sempre o
melhor de si. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Na ocasião fiquei intrigada e me aprofundei no assunto. Porém, com
o passar dos anos, o compromisso que sempre me vem à mente é número 4- <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">não tire conclusões.</b> Não estou aqui
para pregar nem convencer ninguém, mas as palavras do <i>nagual</i> me marcaram. Não gosto quando tiram
conclusões a meu respeito sem me conhecer e, com muita disciplina, procuro não
fazer o mesmo. É uma luta, mas não é impossível. Essa memória me veio assim que
eu ouvi o relato de Maria Cristina. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Na nossa
cultura a gente sempre “acha”. Acha que o outro ficou chateado, que entendeu,
ou não entendeu, que gosta e aprova isso ou aquilo. Acha que podia, que devia,
que sabia... Pior, colocamos pensamentos - palavras e ações - nossos na cabeça do
outro. Tantos desentendimentos por causa disso. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Os<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>novos velhos - os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vetera novis – </i>ainda não são reconhecidos em uma sociedade
preconceituosa e “achista”. Para falar a verdade, muitos ainda não se
reconhecem, pois representam uma faixa estaria específica, fruto das mudanças
rápidas e infinitas que a sociedade vem passando. Achamos que fulano é velho,
ou que nós somos velhos, e adotamos todos os clichês. No ônibus/metrô/etc. a
imagem que identifica os velhos é a de uma figura humana inclinada, segurando
uma bengala. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vamos pensar nas pessoas que conhecemos entre 60 e 75 anos. Além
da lista de famosos, vamos pensar nos amigos e parentes. Meus amigos de 65 ou
75 anos jogam duas ou três partidas de tênis todo fim de semana. Uma professora
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">vetera novis</i>, de 62 anos, é
maratonista. Vários novos velhos, como eu, com mais de 60, estão reinventando sua carreira profissional.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A palavra que escapa, o ato falho, diz muito. Citei um exemplo da falta de
empatia de um jovem médico, mas o tal “achismo” está em todos nós. Os profissionais
da saúde, porém, têm responsabilidade maior, pois estão lidando com saúde e
doença, vida e morte de outro ser humano. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Para
finalizar, dentro ainda do contexto de não tirar conclusões precipitadas, mais
um exemplo, dessa vez sobre dor. Doutor, estou com uma dor aqui... Não, o
senhor não está com dor aí. Como assim? Se estou falando que estou é porque
estou. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Hoje se sabe que a dor é uma doença, que algo não está bem e o cérebro
manda esse alerta por inúmeras razões. No envelhecimento o corpo sinaliza o desgaste natural, se o paciente diz que está doendo é porque sente dor, dormência, coceira, desconforto, enfim. Não dar ouvidos é, no
mínimo, cruel.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Da mesma
maneira, quando o médico pergunta se a paciente ainda tem vida sexual é porque
chegou à conclusão de que não tem mais. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Será?
A libido desconhece números.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-43197731953165839782018-03-07T06:34:00.000-08:002018-06-25T16:35:52.640-07:00ACOMPANHANTES E OS NOVOS VELHOS por Sandra Schamas<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não seria
ótimo se, nos treinamentos de funcionários da área de saúde, houvesse uma aula,
um bate papo, sobre quem são os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vetera novis</i>,
os novos velhos? Essa geração que se multiplica e chama a atenção da mídia e da
publicidade? Essas pessoas que, como eu, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nasceram depois da segunda guerra, sobreviveram
a fortes mudanças, transformações<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e
movimentos e, portanto, têm muito a dar e receber?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com toda a
afetividade do brasileiro, é costume que os filhos tomem à frente a partir do
momento em que seus pais atingem certa idade, geralmente depois da
aposentadoria.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para nossa cultura isso significa
amor, você cuidou de mim agora eu cuido de você. Quero que todos saibam que sou
bom filho e que eu me preocupo com você.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Segundo
psicanalistas, existe uma fase importante na adolescência que é o processo de
reafirmação da identidade pessoal. As relações com os pais têm que mudar para
que os jovens possam ascender ideias próprias. É conhecida a fase em que os genitores,
que eram heróis, passam a não saber nada; os filhos sabem tudo. É muito comum
isso se estender por mais tempo ou se repetir mais tarde, quando os pais
envelhecem. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vamos combinar que, na
realidade, pais e filhos têm sua sabedoria de acordo com o tempo em que vivem
ou já viveram. Mas, como conseguir um acordo saudável e satisfatório? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu diria que
é conversando. Conversando sobre a vida e sobre a morte, sem tabus. Não
gostamos de falar sobre a morte, mas todos nós vamos morrer. Os adultos, jovens
e nem tão jovens, fazem questão de não pensar no assunto, acham que são <i style="mso-bidi-font-style: normal;">highlanders</i>, nunca vão morrer. Nós que
estamos envelhecendo, ou seja, os que vivemos mais, estamos na linha de frente,
temos voz ativa, somos os “desbravadores do futuro”, merecemos respeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBg7imPl3Z3AE3T1OUuzTTywUb9QMzQLeEv2tnrOIbYXF136ofdnGM5gfqPt3d2g2Kwm4qw41usFCpDNftcygoIHjK9snn7IgR2TmvPJ_BjgsxYD5Vw8KblGGQW0n_8NV6nOLzGwTZof7h/s1600/PS.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBg7imPl3Z3AE3T1OUuzTTywUb9QMzQLeEv2tnrOIbYXF136ofdnGM5gfqPt3d2g2Kwm4qw41usFCpDNftcygoIHjK9snn7IgR2TmvPJ_BjgsxYD5Vw8KblGGQW0n_8NV6nOLzGwTZof7h/s320/PS.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt;">No último
dia do ano de 2017, por volta das 14h00hs, dirijo-me ao pronto socorro do meu
convênio médico, que é muito popular e acessível às pessoas com 50 anos ou
mais. A sala de espera está cheia, no entanto, </span><span style="font-size: 12pt;">o operacional de atendimento flui de modo
eficaz. Enquanto espero meu nome aparecer na tela, em letras bem grandes,
diga-se de passagem, observo como é meu costume observar. Apenas três pessoas
estão desacompanhadas: uma senhora parecida comigo, um senhor que aparentemente
está sempre lá, e eu mesma.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um homem se
aproxima e educadamente me pede para trocar de lugar para que sua esposa possa
ficar ao lado da nora. Claro, sem problemas. Levanto-me e espero ver uma esposa
com alguma dificuldade física. Não, ao contrário, uma senhora perfeitamente
independente e capaz se aproxima e toma o meu lugar. Por que será que o marido
precisou falar por ela? Gentileza? Proteção, talvez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sou encaminhada
para a sala de medicação e me acomodo bem em frente à porta, com plena visão de
quem entra ou sai. Mais uma paciente se aproxima; de cadeira de rodas dessa
vez, empurrada pela filha determinada. A enfermeira pergunta se a paciente
anda. A filha diz que sim, e a partir daí a interação é apenas entre a
enfermeira e a filha. Acomodam a paciente na poltrona feito uma boneca de pano. Será
que a paciente consegue se comunicar, ou acha mais fácil se deixar levar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Volto para a
sala de espera e vejo um casal com um bebê chorão no colo, acompanhando um
senhor. Trocam a fralda do bebê enquanto eu penso que pronto socorro não é o
lugar ideal. Com tanta gente tossindo... O médico chama o senhor para a
consulta, o filho levanta primeiro e vai entrando. Depois chama o pai. Vem, pai.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quatro
pessoas ocupam a primeira fileira de cadeiras estofadas de plástico: um casal e
duas senhoras. O marido puxa conversa comigo e começa a falar da cunhada. As
três mulheres são parecidas: duas superprotegem a que, pelo olhar perdido, identifico
como a paciente. É que ela tem a cabeça boa, sabe, mas é teimosa, não toma os
remédios direito, não quer se tratar, e a gente não sabe o que fazer, explica o
gentil cavalheiro. Se a cabeça está boa para que tantos acompanhantes?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Enquanto
aguardo o resultado dos exames fico pensando no que eu quero. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Naquele dia,
e pela proximidade, vou ao pronto socorro de ônibus, passo pela triagem e descrevo
meus sintomas para o médico. Quando questionada se quero tomar uma injeção de
cortisona, digo que sim. Detesto cortisona, odeio, mas na crise respiratória é
o que funciona. Será que seria melhor ter meus filhos ali, um de cada lado, decidindo
tudo por mim? Seria cômodo. Todos gostam de atenção e em qualquer idade,
inclusive eu, mas cada coisa em seu lugar. Se as pessoas vão decidir tudo por
mim, não vejo sentido em ficar por aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Minha mente
divaga. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Será que os
filhos acham que, a partir de certo momento, têm que cuidar de nós, que somos
carta fora do baralho, e só eles sabem o que é bom para nós? Talvez não,
depende. Por que não conversar e saber o que de fato a gente quer? Todos podem
colaborar sem oprimir. Gostamos de estar no comando da nossa vida e só vamos
jogar a toalha quando não houver mais opção. Enquanto isso, ainda temos um bom
tempo pela frente, pelo menos é o que indicam as estatísticas sobre da
longevidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-83808874419651320362018-01-08T09:44:00.000-08:002018-02-26T12:00:33.539-08:00O Estigma de L. de Leonor Cione<div style="text-align: justify;">
Aproveito esses dias entre o Natal e o Ano Novo para mergulhar no novo romance de Leonor Cione "<b>O Estigma de L.</b>" - Editoria Quelônio - São Paulo - 2017. Um projeto gráfico arrojado de Silvia Nastari, capa ilustrada com colagem a partir de fotos e pinturas dos anos 1950, quando a trama acontece.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNLmdLTt8fCEshE73Hcwg39eSDMXmt9M0gjROWC6wgiith1BjkedQdyC7boQoFxTRfj6NdLPiMrdmtFRJRPfW8v1a-Fjeq0oesq0jDqoBnvKHgtFkQtXsiRiZEoBUOfdEbV_5rY35eksuF/s1600/estigma.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="750" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNLmdLTt8fCEshE73Hcwg39eSDMXmt9M0gjROWC6wgiith1BjkedQdyC7boQoFxTRfj6NdLPiMrdmtFRJRPfW8v1a-Fjeq0oesq0jDqoBnvKHgtFkQtXsiRiZEoBUOfdEbV_5rY35eksuF/s400/estigma.png" width="300" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
É a história de Lili que não recorda o passado. Está em um sanatório e sabe apenas que não gosta do lugar. As pessoas ao seu redor não se comunicam, por isso, prefere ficar no seu canto favorito perto da janela, ao lado de uma mancha de mofo que se parece com um mapa. As atendentes são grosseiras, o prato de comida já vem feito da cozinha e o uniforme é feio e amassado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entre os pouquíssimos pertences, que guarda em uma lata de biscoito enferrujada, há um velho almanaque, remota referência que provoca em Lili flashes de seu passado. Para ela, não faz diferença que aquelas previsões sejam antigas, o que importa é que basta procurar e logo encontra alternativas e conselhos nas palavras que cheiram a mofo. De vez em quando, Lili não toma o comprimido amarelo, pois precisa lembrar-se de alguém que venha buscá-la. Depois de 20 anos, talvez? Assim, as lembranças vão brotando desordenadamente durante as longas horas de sua rotina sem sentido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acompanha o livro um almanaque criado integralmente pela autora, porém nos moldes da época, e que complementa de forma bastante original a obra. Contém variedades para todos os meses do ano como Horóscopo, Pensamentos, Fases da Lua, Você Sabia?, etc. e os peculiares "reclames", como por exemplo o do Xampu Adeline Briand - o segredo de cabecinhas lindas, ou o Elixir Guarani - que levanta até defunto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mês a mês, de mãos dadas com L., e dentro de um sanatório árido, você vai se inteirando dos fatos dramáticos na vida da estranha mulher. A escrita vem para você leve, apesar do conteúdo dramático; tudo na medida certa com a concisão da narrativa enxuta e precisa. Na minha opinião, um bom livro é assim: faz você se sentir abduzido e totalmente inserido no contexto da ficção. Do primeiro ao último capítulo, ou seja, de janeiro a dezembro, você é Lili, vê o que ela vê, sente o que ela sente presa na própria amnésia, vai desvendando com ela os fatos que levam à reflexão. Por fim, o desfecho narrado em primeira pessoa aproxima ainda mais o leitor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse seu primeiro romance, Leonor Cione nos surpreende com seu talento de veterana. Sabe contar uma história bem contada, intrigante, apaixonante e muito bem apresentada. Gostei muito e recomendo. Quer presente melhor que uma boa leitura?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sandra Schamas</div>
<div style="text-align: justify;">
São Paulo janeiro 2018.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-86950900517834307782017-09-13T05:59:00.004-07:002017-09-13T05:59:26.926-07:00Cidade linda! Só que não...<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Domingo a
Av. Paulista é dos paulistas. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt;">Bacana a ideia, todo mundo passeando, andando de
bicicleta na ciclovia e na rua, aproveitando o dia lindo de sol. Só que não.
Não mesmo.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Infelizmente,
o conceito de que a cidade é de todos só é bonito no discurso. Sem o mínimo de
respeito ao outro não dá. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt;">Enquanto as
pessoas confundirem liberdade de expressão com vandalismo as boas intenções não
vão funcionar.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Enquanto o
conceito for “eu mereço ser feliz o outro que se dane”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Enquanto as
pessoas não respeitarem as mínimas regras de cidadania e espalharem lixo em
grande escala entupindo bueiros, quebrarem garrafas, lixeiras e propriedades públicas, fizerem xixi na rua esse
país não pode dar certo. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não adianta por a culpa no outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Domingo, dia 3 de setembro, na Paulista,
próximo ao Masp, feliz da vida na companhia de um amigo querido, eu caminhava na
calçada em meio ao pandemônio. Um rapaz, parado, empurrava o skate com um pé, para
frente e para trás, no sentido transversal ao fluxo de pessoas. Eu precisei desviar
rapidamente para o skate não lascar minha canela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nisso, do nada, no meio daquele monte de gente, surge na minha frente uma moça de
bicicleta (veja bem, na calçada cheia de gente, não na rua ou ciclovia) e vem
com tudo para cima de mim. Literalmente para cima de mim. Tentei me agarrar em
algo, acho que foi a bolsa dela, mas acabei caindo no chão. Só vi a bicicleta
vindo em cima de mim. Bati a cabeça, a mão, o quadril, enfim, levei um tombão.
Fiquei com medo de me levantar e estar toda quebrada, mas consegui. Por sorte. Poderia
ter sido bem pior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ouvi meu
amigo xingando enquanto me ajudava a levantar. Ainda bem que ele teve o bom
senso de não gerar mais violência, porque no final das contas ia sobrar para
nós, os agredidos. Direitos humanos, direito do cidadão, das causas, dos gêneros,
das minorias, etc. etc. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A doida da
bicicleta nem caiu. Quando me viu de pé ainda me perguntou se eu me machuquei!
Claro que me machuquei! Estou toda doída, sua doida... </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Triste, indignada. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cair na rua traz
uma sensação de desamparo, de impotência diante da inconsequência do outro.<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-43629465654951613082017-03-09T07:52:00.000-08:002017-03-09T07:57:59.383-08:00Carta a Luiz Bras sobre seu livro Distrito Federal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-hkRCtzUCs1bT3Dyb_LLMaSaLr9Pl2JuMaaCP0S7g9shQ66u85Ac1GK06qCR5QkqxalmbbaWJ8qEz3bOe4R9iX60gYPuvqvNsrnDXfVYNbMVaEwkqh5AYlm_zv5PMhX92Tgvvr6CeYjPP/s1600/Distrito+Federal.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-hkRCtzUCs1bT3Dyb_LLMaSaLr9Pl2JuMaaCP0S7g9shQ66u85Ac1GK06qCR5QkqxalmbbaWJ8qEz3bOe4R9iX60gYPuvqvNsrnDXfVYNbMVaEwkqh5AYlm_zv5PMhX92Tgvvr6CeYjPP/s400/Distrito+Federal.jpg" width="260" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<b>“Distrito
Federal - Rapsódia”</b> de Luiz Bras </div>
<div class="MsoNormal">
Ilustração e Diagramação de Teo Adorno - Editora Patuá, São
Paulo 2014 </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Bela edição de capa dura com ilustrações interessantes e
intrigantes.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Já na assinatura do autor uma novidade: um carimbo
anunciando o próximo livro em forma de labirinto( talvez um mapa de metrô).</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Meu caro amigo Luis,</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.8px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.8px;">Apesar de ter feito parte de um grupo de estudos de crítica literária por 3 anos, apesar de ter me dedicado e esforçado, o que mais aprendi é que não sou boa nisso. Não sei fazer a análise de uma obra de modo acadêmico, tampouco sei dissecá-la como um cirurgião. Só posso dizer que o livro me captura e eu embarco na viagem e vou passando para a emoção as palavras escolhidas pelo autor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Distrito Federal não me capturou de cara, fiquei olhando para ele uns bons meses antes de me aventurar a lê-lo. Nesse processo, confesso, também demorou um tempo para que eu me envolvesse com a complicada trama; talvez por ficar encantada justamente com a escrita em si. Linda, limpa, culta, sonora, poética quase sempre, violenta e escatológica às vezes. Escrever bem é uma expressão pobre para o que você faz. Ainda não sei dar um adjetivo adequado.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Nem que você quisesse, não dá para esconder sua vasta cultura e seu cuidado nas mínimas referências, incansável nas pesquisas, eu acredito.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Fiquei impressionada com a sua sensibilidade em relação à vida de um modo geral. Tudo te afeta, tudo. As pessoas, e seus comportamentos bizarros, o planeta, a tecnologia, o meio ambiente e todos esses assuntos polêmicos como a questão do gênero, da opção sexual, do politicamente correto. De um modo muito sofisticado você se vinga traduzindo a raiva que sente de todas essas injustiças nessa história tão fantasiosa e tão real ao mesmo tempo.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Você se lembra do filme Minority Report de 2002, onde a polícia detecta e impede crimes que estão para acontecer? Então, enquanto lia eu me lembrava daqueles seres sensitivos que ficam numa piscina de água morna, que muito me impressionaram no filme.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b>O livro se divide em 3 partes : Teoria do Caos, Deus ex-machina, Segredos & milagres.</b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b>Teoria do Caos</b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Durante a leitura tive a impressão de estar num videogame doido e violento ou dentro do filme Alice no País da Maravilhas. O texto é dividido em blocos que se repetem, às vezes completamente, às vezes não, mas é isso que vai dando sentido à trama. Poderia descrever esse método que você criou de uma maneira muito visual: são cirandas fantásticas girando ao mesmo tempo, e o leitor vai pulando de uma para a outra para pode entender o absurdo da história e perceber que não é tão absurda assim. Essas rodas vão descrevendo o nosso mundo hoje, bem ruinzinho como está.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Seu livro também me fez lembrar um videoclipe onde a graça é ter muitas informações acontecendo ao mesmo temo: a música, a imagem, as colagens rápidas e todas em movimento. Para ser honesta tenho dificuldade em assistir videoclipes, fico meio tonta e logo me canso. Com seu livro comecei assim também, não foi uma leitura fácil para mim, mas acabou me encantando pela sofisticação.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8588231057389088447" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8588231057389088447" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8588231057389088447" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div>
Me veio à mente também um texto de Oliver Sacks que acabei de conhecer na oficina que estou fazendo. Olha só:</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<img alt="Imagem inline 1" class="CToWUd a6T" height="140" src="https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=239f25a6b2&view=fimg&th=15aaf7980bf92739&attid=0.0.1&disp=emb&realattid=ii_15aaf794baadab21&attbid=ANGjdJ_8aERFzRDoQJbTrnHNNcwHoicVLh-w6U9pRZJfOCTSiBw5fPkpgrYA2iFS9NdRPyo9Y1CuTgw5gcdSHzbnz2qRU41LWxo28asW9s1ofO63WeT00NrPZUGXeMs&sz=w1032-h280&ats=1489073868785&rm=15aaf7980bf92739&zw&atsh=1" style="cursor: pointer; outline: 0px;" tabindex="0" width="516" /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<span style="font-size: 12.8px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<span style="font-size: 12.8px;">Entendi que a brasilidade, os seres mitológicos brasileiros se vingam de modo muito violento de toda essa corrupção e desse caos social que agente vive. Um currupira e uma saci incorporam dois humanos, ou o que restou de humanidade nos seres, saem fazendo chacinas estripando, espalhando órgãos e fazendo das vísceras obra de arte. Dá prazer ler isso porque a vontade de acabar de modo bem cruel com cada filho da puta que está nos poderes grandes e pequenos é real. Deve ser muito bom poder jogar esse game e ver o sangue dessa gente pra todo lado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
O que era o cerrado virou Distrito Federal, com uma ilha de clorofila aqui outra ali. Há esperança.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Adorei a comparação de um político a um bacilo, uma força da natureza irracional e destrutiva com quem não adianta querer argumentar. Discutir com um bacilo? Genial. A questão de que cada vez que ele recebe uma propina uma galáxia inteira se apaga. Muito bom.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Os demônios decadentes, os obtusos ( duros e moles) omissos porque a lei os impede de sentir, a matéria programável,as detalhadas regras de etiqueta e a fome... Uns passam fome, outros explodem de tanto comer... Nossa! Demais. Os cheiros, as porcarias e descrições absurdas e interessantíssimas, como por exemplo, uma metralhadora líquida.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Morri de rir com uma frase sua “preferia um mundo sem bocas, sem cu, sem mandíbulas taradas.” A reflexão sobre o sistema penal e carcerário é incrível, entra até aquela menina que matou o pai e mãe, “ o mundo não precisa de pena de morte, precisa de justiça.” Obras paradas com mato tomando conta... que tristeza que é isso no nosso sitema. O Face a Face e a brain-net são sacadas brilhantes. Enfiar cotovias vivas na goela do consultores financeiros, guaixinins no rabo dos diretores de empresas de cartão de crédito, que maravilha...</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Nesse primeiro segmento o que eu mais gostei foi a ideia de que somos viciados no cheiro da corrupção. Pura verdade...</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b>Deus ex- machina</b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
O ritmo se acalma com a justiceira menina-menino e a protetora esfera-cubo-pirâmide, o útero protetor que me lembra a Bolha Assassina.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Uma dose de morango sustenido e framboeza bemol é 10.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Para exemplificar a sofisticação, a sonoridade e a escolha das palavras separei esse texto:</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
“A esfera-cubo-pirâmide pensou ter visto o clarão obscuro, o ruído silencioso do seu próprio reflexo esférico-cúbico-piramidal no fundo da reentrância nebulosa. <span style="font-size: 12.8px;">Podia ser apenas um conjunto de memórias misturadas.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Raízes tentáculos, pétalas pinças e espinhos-agulhas são escolhas sensacionais. Gosto também dos neocarcereiros da prisão mental e da libertação da menina-menino dessa prisão mental.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b>Segredos & milagres</b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8588231057389088447" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8588231057389088447" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8588231057389088447" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a>Nessa última parte a gente volta a lembrar que está em um game e já traz aquela sensação de que as coisas podem melhorar quando o corrupto começa a sentir medo.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
A metrópole aparece com mais presença e a afirmação de que uma cidade superpovoada é o lugar ideal para a solidão é verdadeira, na minha opinião. Estar entre muitos também é uma forma de solidão. Me identifiquei.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Brasíia passa a ter músculos e artérias, a metrópole evolui e começa a destruir os humanos ( ou quase humanos), e vai se tornando inteligente porque “a evolução jamais barganha, mesmo quando chantageada” e a cidade se transforma numa gigante centopéia.A chuva ácida dá arrepios e os fedores são nojentos... Os fiscais da prefeitura continuam sendo estripados, a bolha volta, o medo aumenta, a merda se espalha. Nesse mundo imundo até os grafiteiros aparecem como mais uma coisa que a gente não sabe nem o que pensar nessas alturas do campeonato. Direito do cidadão, a cidade para todos e as polêmicas que surgiram com as medidas do prefeito-coxinha. </div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
A imoralidade corrompeu a civilização e essa gente louca acabou com a natureza.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Nesse final é revelado que os robôs que fizeram as ilustrações. Faz sentido.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Caótico e violento é o final e mil anos se passam. Depois, luzes se aproximam, ou seja, há luzes no final do túnel . Apesar de não estar evidente o final é cheio de esperança e a gente se sente de alma lavada por ter imaginado tanta vingança. Mas achei positivo, difícil de acompanhar mais super positivo.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<span style="font-size: 12.8px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<span style="font-size: 12.8px;">Meu amigo Nelson Luiz Teo, que viagem!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Eu nunca tinha lido nada parecido e ainda estou sob o impacto de tanta ação.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Pelo seu livro pude avaliar sua inteligência, sua cultura, seu domínio da língua, sua criatividade e sua imaginação. E bota imaginação nisso... Foi minha primeira leitura de um livro de literatura fantástica de qualidade. Enfim...</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Essa foi uma tarefa difícil, como escrever a vc, a quem admiro e a quem considero um mestre, as minhas impressões sobre seu livro? Não tinha outro jeito a não ser com o coração.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Me sinto honrada com a tarefa e esse exercício me fez pensar muito sobre a literatura em geral. Como que ela pode, e vai, evoluir para sair da mesmice e como eu posso me adaptar a uma nova era, porque é o que eu acho que vai acontecer...</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Muito obrigada, meu caro amigo, por deixar que eu entrasse no Distrito Federal e vasculhasse tudo.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
Grande abraço,</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
sandra</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-6734063918382767302016-04-07T07:54:00.000-07:002016-04-07T07:54:28.154-07:00Tá saindo quentinho do forno....<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtxK3rbMKcnSgp-d-ZsO5K09e-3AVjmGIquiozsZyp1n1MU5hPWiFv06PCBBYtx8I8VMLkvA-gjlE85WDfcPeU9MFDWeEnIvKc-ZrvSRcx-GXRPNBnLBLkJxs0g51zUSU-ODSMjx4wnxgg/s1600/cpa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtxK3rbMKcnSgp-d-ZsO5K09e-3AVjmGIquiozsZyp1n1MU5hPWiFv06PCBBYtx8I8VMLkvA-gjlE85WDfcPeU9MFDWeEnIvKc-ZrvSRcx-GXRPNBnLBLkJxs0g51zUSU-ODSMjx4wnxgg/s640/cpa.jpg" width="403" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-21576188930360982132016-04-05T08:00:00.000-07:002016-04-05T08:00:18.848-07:00Tarde de autógrafos do livro E-contos passageiros<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">E-contos passageiros </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">–</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"> Editora Livrus 2016</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Tarde de autógrafos do livro</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Sábado 16 de abril de 2016-04-05 </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Livraria Martins Fontes – Av. Paulista 509 – São
Paulo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbVqvVt2_-yLfkH_mBE0TYGTxoUQLh_c5-rs7YPxpPtLqCyjuIA3x7fTykNnZu4KfzOtXd-wJ9vEi1L-fCwX5Hvf7scbypCCPaixs-9S4VNSCxxEwhHQugDaT0Um5YNQgvu1IvVwNQbjeA/s1600/Convite_E-contos_passageiros+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbVqvVt2_-yLfkH_mBE0TYGTxoUQLh_c5-rs7YPxpPtLqCyjuIA3x7fTykNnZu4KfzOtXd-wJ9vEi1L-fCwX5Hvf7scbypCCPaixs-9S4VNSCxxEwhHQugDaT0Um5YNQgvu1IvVwNQbjeA/s640/Convite_E-contos_passageiros+%25281%2529.jpg" width="430" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #141823; line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E-contos Passageiros
divide os textos em cinco categorias: </span></span><span style="background: white; color: #141823; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">da literatura, da cidade, da morte, da
vida e do amor.</span><span style="color: #141823; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #141823; line-height: 115%;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="color: #141823; line-height: 115%;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Podem </span></span><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 115%;">ser lidos nos smartphones ou tablets por aqueles que não </span><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 115%;">desgrudam dos
eletrônicos. Por isso o formato digital. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 115%;">Mas, </span><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 115%;">uma edição impressa também
acompanha o projeto para os </span><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 115%;">que, como a autora, gostam de ler no papel.</span></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-53235065337601235382016-02-21T06:35:00.001-08:002016-02-21T06:37:43.828-08:00Saco cheio <div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTJZF1ydaPcbqgFmhm45QixZvB4ijRML0dDuZ8hWaEVF0F7Q3FKnuSY5Ja5BKEISPwTRz7CpPJaP_yFcL12WhZ56fmMcnMIQI4tuDMAR5V6MYV9KRqyUcXiBCVh0ckWu_w1RUKW3vYUkIa/s1600/porta.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTJZF1ydaPcbqgFmhm45QixZvB4ijRML0dDuZ8hWaEVF0F7Q3FKnuSY5Ja5BKEISPwTRz7CpPJaP_yFcL12WhZ56fmMcnMIQI4tuDMAR5V6MYV9KRqyUcXiBCVh0ckWu_w1RUKW3vYUkIa/s200/porta.jpg" width="150" /></a><span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Zé
acorda de saco cheio da vida. Não quer nada com nada. Todo dia a mesma rotina
besta, levantar, tirar o pano da gaiola, alimentar e dar água aquele pequeno
ser aprisionado, tomar, ele próprio, uma chuveirada fria, barbear-se,
vestir-se, caminhar até o café. Por quê? Para quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Em
ritmo lento, prossegue o ritual. Desenrola a porta de ferro, liga a máquina,
passa pano no balcão, depois nas mesinhas. A cidade está parada. Ele olha no
relógio para ver se não havia se enganado no horário. Não, eram oito horas
mesmo. Dá uma varrida na calçada, junta o lixo na pazinha, joga no latão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Prepara
um café e senta-se como se fosse um freguês. Não passa ninguém na rua, que
saco! Fica ali um pouco, tamborilando os dedos na mesa, balançando o pé. Resolve
então assumir o mau humor. Levanta, lava a xícara que usou, recolhe as
mesinhas, baixa a porta de ferro, pendura uma folha de papel com um volto já
mal escrito, põe a chave e no bolso e sai andando. </span><span style="font-family: verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">Só depois
de um tempo é que começa a apreciar o cenário. Percebe os detalhes dos prédios,
os desenhos das grades de ferro, a beleza das árvores. Começa a prestar atenção
nos rostos das pessoas, um sem fim de dessemelhanças andando depressa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Zé não
havia reparado o quanto as calçadas são esburacadas. Continua sem rumo e se
sente outra pessoa. Repara na loja de telefonia, no fruteiro, na banca de jornal,
no café... Sentiu o cheiro e parou. Era um lugarzinho fuleiro, parecido com o
seu. Por que não? Entrou. Procurou uma mesa e pediu uma média. Era bom ser
freguês para variar. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; text-indent: 35.45pt;">O relógio cuco marcou onze horas e Zé reforçou o pedido:
uma média, um pão na chapa e um pedaço de bolo. Apreciou ser servido. Sentia-se
bem agora. </span><span style="font-family: verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">Procurando o banheiro, tentou abrir uma porta meio emperrrada, que
aparentemente dava em um beco, atrás do café. Forçou para cima, para
baixo, sacudiu, deu um murro acima do trinco. Por fim, bem devagar, com a
certeza de que conseguiria, suspendeu </span><span style="font-family: verdana, sans-serif; text-indent: 47.2667px;">o trinco </span><span style="font-family: verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">e virou. A porta abriu. Não era
o banheiro, mas mesmo assim ele entrou...</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-85900706874243643272016-02-09T07:02:00.000-08:002016-02-09T07:02:34.418-08:00Banal <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYWoEarXqtgSu9J_xKmaGGLsqiDohtXVqkEbgVOlLluIzHpYvBlpfYWzKH8hHVgbPXGhp5-Rb0jOB0S5z43FGomZsjSefZgGlS-MFHuSIasa5tLVqrwZ1PefInA1Ks2of2lOuVmbb9g72J/s1600/tenis.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="137" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYWoEarXqtgSu9J_xKmaGGLsqiDohtXVqkEbgVOlLluIzHpYvBlpfYWzKH8hHVgbPXGhp5-Rb0jOB0S5z43FGomZsjSefZgGlS-MFHuSIasa5tLVqrwZ1PefInA1Ks2of2lOuVmbb9g72J/s200/tenis.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">Um
bando de jovens estudantes se aproxima ruidosamente. Zé detesta esses meninos
de 13 ou 14 anos, meio sujos, barulhentos, os pré-adolescentes, aborrecentes.
Detesta. Só fazem barulho, ainda não sabem apreciar um bom café, consomem
refrigerantes e pisam nas latinhas. Os feromônios efervescentes provocam
atitudes um tanto animalescas: urros, pulos desajeitados gargalhadas e
gritinhos histéricos. Arrastam as cadeiras, atiram as mochilas no chão,
sentam-se de perna aberta, chutam-se e empurram-se de leve. A conversa é
desconexa, mas não importa, cada um fala para si mesmo como se o resto do mundo
não existisse e os insultos jorram de suas bocas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Os
seres ocupam duas mesas, jogam livros, agasalhos e mochilas, tudo no chão,
pedem coca-cola, uma ou duas meninas água mineral. Pão de queijo? Alguém? Não,
agora não. Um deles arrota alto provocando mais risos, o outro enfia na boca
duas bolas de chiclete e limpa o cuspe que escorre na manga do moleton cinco ou
seis números maior que o dele e com as beiradas dos punhos totalmente
encardidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Ficam
ali, cabulando aula e se aquecendo ao fraco sol da manhã. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma
garota de cabelo cuidadosamente despenteado, graças a provavelmente um pote de
gel, usa camisa de flanela amarrada na cintura e regata preta. Quando ela se
baixa para amarrar o cadarço da bota de soldado perde o equilíbrio e cai em
cima da amiga que está sentada e as duas vão parar no chão. Todos riem muito
mais alto do que acham graça e as garotas não conseguem se levantar de tanto
rir. Abraçam-se. Um dos garotos estende as duas mãos e puxa as duas para cima
com força e elas conseguem se erguer apesar do ataque de riso. Uma delas dá um
selinho no rapaz que a ajudou e faz uma cara de criancinha. A outra a imita,
provocando. Ele se anima, passa o braço em torno do pescoço delas, uma de cada
lado e as beija com vontade. Em seguida as duas se beijam lascivamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">De
repente, a conversa para e as risadas também. Então, começa uma degustação
generalizada de bocas e línguas, uma mistura de afeto e erotismo grupal: homem
com homem, mulher com mulher, faca sem ponta, galinha sem pé. Fica um clima, até que alguém diz: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">- Bóra
galera!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Atiram
um bolo de dinheiro amassado em cima da mesa, catam suas coisas e vão embora.<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-25162814593785450472016-01-31T15:05:00.001-08:002016-01-31T15:05:37.012-08:00Mercado Financeiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc5UiyFZeWOoCh8ojhyORRyi7Z9CnK6bcPdrzbH89ZB_FAiLihyphenhyphenoAUGyWZNsQDaXHffOsLgkrI8kvErmvBFXQrZkp9k1NBZX6v_GtWT-e4AAgeKOwwb9GQdFGdGfMGDm-HnVV9_v87wAsE/s1600/renda+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc5UiyFZeWOoCh8ojhyORRyi7Z9CnK6bcPdrzbH89ZB_FAiLihyphenhyphenoAUGyWZNsQDaXHffOsLgkrI8kvErmvBFXQrZkp9k1NBZX6v_GtWT-e4AAgeKOwwb9GQdFGdGfMGDm-HnVV9_v87wAsE/s200/renda+1.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fim de tarde normal no café do Zé. Muitos fregueses faziam hora lá por causa do trânsito. Ás vezes passavam, com pressa, engoliam um cafezinho e iam embora antes do rush, outras vezes ficavam por ali, esperando o movimento dos carros diminuir para depois ir para casa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pensando nisso, Zé achou melhor ter dois tipos de café mais conhecidos no Brasil, assim teria assunto como os clientes, mostraria conhecimento: o arábica, que ele pessoalmente preferia, por ser mais requintado, originário do oriente, cultivado em regiões mais altas e grãos de cor esverdeada; e o robusta, originário da África, sabor típico, baixa acidez e teor mais alto de cafeína. Oferecia também café orgânico e adorava contar que visitou a fazenda e escolheu aquele café porque era um café feliz, crescia solto no meio de outras árvores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nos lugares públicos, sempre tem alguém que fala sem parar, muito mais alto que os demais, que chama mais atenção, até pelo timbre de voz ou pela atitude. O homem de terno claro e sapato marrom era assim: não precisava de microfone. Com as pernas espalhadas, apontava a própria têmpora com o indicador e dizia:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Os caras enlouqueceram. Tão falando que HSBC vai congelar os salários e as novas contratações em 2016, os funcion[ários vão receber e-mail com as medidas a de redução de custos, tudo para aumentar a rentabilidade dos acionistas e está levando adiante planos para conseguir uma economia anual de até 5 billhões de dólares até 2017. Bancos da Europa querem eliminar quase um e cada cinco postos de trabalho e reduzir investimentos em um terço, isso seria uma forma de responder ao fraco crescimento econômico e regulamentações globais mais rígidas. A economia está desacelerando muito e a gente como é que fica? A Dilma, o dólar do jeito que está, essa corrupção descarada, cada dia uma coisa, e lá no banco a coisa está ficando insustentável. Comer sanduíche em frente a três telas de computador... Não dá! Trabalhar dezoito horas por dia virou rotina, cara. O celular não pára de tocar, quanto mais tecnologia mais exigem da gente. Diz que o pessoal da bolsa só falta se comer vivo, trancam os caras no banheiro, se chutam durante o pregão, sacaneam geral. Sabe o que o Medeiros disse? Você lembra dele, né? Meio antigão, tem quatro filhos, a mulher não trabalha... Sabe o que ele falou ontem? Você não vai acreditar. O cara chegou na minha sala babando, falando alto, olho arregalado, logo ele que é tranqüilo, veio contar que cabeças vão rolar. Estava apavorado o coitado. Os caras não querem nem…</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Amore, eu estou sem calcinha – disse a mulher que estava com ele.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- ...saber. Estava tão vermelho, com as veias saltando da testa que parecia que ia ter um inf.... Quê?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Hum...hum...Eu estou sem calcinha – repetiu ela remexendo o café.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sem nada, só com esse vestidinho. Quer ver?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Abriu a bolsa, tirou de dentro um pedacinho de renda preta e jogou na mesa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Ficou louca? Guarda isso já! O que foi que deu em você? Está todo mundo olhando, estamos na rua, sua doida!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Olhando o quê, fofo? Ninguém sabe. Quis fazer uma surpresinha para você relaxar um pouco. Você anda tão chato...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Vamos embora. Agora mesmo. Não quero que vejam você assim – disse ele pegando a rendinha e enfiando rapidamente no bolso do paletó.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Já disse que ninguém sabe. Agora, se eu descruzar a perna assim...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Pára com isso!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu só queria provocar você, não precisa ficar nervoso, amore. Brincadeirinha...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Quem disse que eu estou nervoso? Estou louco por você, gata, vem cá!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Ai! Não me puxa. Deixa que eu levanto sozinha. Onde você quer ir?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- No banheiro, vamos. Você queria provocar não queria? Conseguiu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- No de homem ou no de mulher? Ai, cuidado, não me aperta seu bruto!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Qualquer um. Entra aí, vai!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 5.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-18927437236162001322016-01-25T12:44:00.001-08:002016-01-25T12:44:26.565-08:00Depressão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsxuBKhcACL2S_ywW-_ZEuDBhLJ9nXj8xK0LbKwJkJocxMndAgzeurU1vIbCGnXhliKZ9HfX8ah9AfnPCDgc4pst-BbpUcx6enkSjQVzdBnbGUb_tlaFu6iJ47lm3qFvj4t3k-fGrj9ull/s1600/depre.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsxuBKhcACL2S_ywW-_ZEuDBhLJ9nXj8xK0LbKwJkJocxMndAgzeurU1vIbCGnXhliKZ9HfX8ah9AfnPCDgc4pst-BbpUcx6enkSjQVzdBnbGUb_tlaFu6iJ47lm3qFvj4t3k-fGrj9ull/s200/depre.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">Desanimada,
ela abre a janela para ver como está o dia. Nem se lembra que é domingo
novamente, mais um detestável domingo de sol e de solidão. Arrastando os pés
vai até a cozinha, mecanicamente toma um copo de água, meia dúzia de
comprimidos. Pega o jornal na porta, joga em cima da mesinha e liga a tevê. O
telefone toca, mas ela não atende, não quer falar com ninguém, não quer ver
ninguém. Com os olhos fixos na tela, não presta atenção na veemente pregação do
pastor evangélico e nos fiéis que a cada final de frase dizem aleluia! </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">Precisava comer alguma coisa. Olha a geladeira vazia, decide sair para tomar o café da manhã perto de sua casa. Troca de
roupa, lava o rosto, escova os dentes, penteia o cabelo de qualquer jeito. Quando se olha no
espelho desanima; está branca, com olheiras, parecendo dez anos mais velha. Foda-se.
Sabia que ninguém iria olhar para ela, mesmo. Pega o jornal, bate a porta e
sai.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">O dia
estava agradável, caminha até o café do Zé, olha para o céu e puxa a cadeira de
uma das mesinhas na calçada. Abre o jornal na página de óbitos, como de
costume, passa os olhos por todos os anúncios tentando achar algum nome
conhecido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">Pensa
no seu próprio funeral. Quer ser cremada, depois de doar o que for aproveitável
de sua carcaça. Não haverá velório, mas uma cerimônia simples antes da
cremação. No caixão, rosas ou orquídeas, nada de flores fedidas e nem velas
artificiais, aquelas de plástico com uma ridícula lampadazinha de luz
inconveniente. Se alguém quiser dizer algumas palavras, que sejam verdadeiras e
se houver música, que sejam canções alegres. Padre? Nem pensar. Eles nem
conhecem o defunto, dizem sempre as mesmas coisas sem sentimento e vêm sempre
de paletó surrado e camisa puída. Então, começou a visualizar os detalhes, as
pessoas chegando, olhando seu rosto e mãos de cera no caixão. Quem será que iria
lhe prestar a última homenagem e chorar a sua morte? E depois? Depois, nada.
Ninguém sabe nem nunca voltou para contar. A luz no fim do túnel não seria a
projeção dos neurônios se desligando? Ou há um portal que recebe as almas? O
barqueiro da morte? Um anjo de asas douradas? Não importa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">O aroma
do café fez com que voltasse à vida. Aqueles grãos torrados eram capazes de
gerar uma bebida maravilhosa, quente, estimulante, sensual... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Tomou o primeiro
gole de olhos fechados, depois voltou ao obituário no jornal.<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-3771823621818562842016-01-18T11:51:00.000-08:002016-01-18T11:51:39.094-08:00Enchente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZep-5BmYolb-3CdycIKN2Ub5AMNcCexP39mz5W17g883Jv2LYhpYB05feWKKQlW-YDoUVVC0UqUzkSuKdtUtjq3SS7-nRahpc26Kt1meFgbJ4VA_aaMDt01UzgOKBrf1LBanoZkLg0dK6/s1600/enxurrada.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZep-5BmYolb-3CdycIKN2Ub5AMNcCexP39mz5W17g883Jv2LYhpYB05feWKKQlW-YDoUVVC0UqUzkSuKdtUtjq3SS7-nRahpc26Kt1meFgbJ4VA_aaMDt01UzgOKBrf1LBanoZkLg0dK6/s320/enxurrada.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.45pt;">Em
frente ao café, do outro lado da rua havia um ponto de ônibus bem na porta da
oficina de um tapeceiro, coitado. Era um inferno cada vez que ele precisava
entrar ou sair com sua caminhonete velha, ora carregada com poltronas sujas,
ora com sofás renovados, cobertos com plástico-bolha. Como o ponto não tinha
cobertura de alumínio, o sol batia sem piedade e o povo se amontoava quase
dentro da oficina, para poder ficar na sombra. Em dia de chuva era pior.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Próximos
ao ponto, ficava um vendedor de balas e outras porcarias, uma senhora com
bolos, enormes pães de queijo ocos e várias térmicas de café, aqueles vendedores de
chicletes e chocolates que ficam fazendo discurso dentro do ônibus. Boa tarde
pessoal. Desculpe atrapalhar sua viagem, pessoal. Um deles, vestido de palhaço.
À tarde, churrasquinho de gato com farinha e tudo. A calçada esburacada ficava
cheia de lixo, descartáveis, plástico, bitucas, cusparadas, um nojo. Um dia,
chamaram um cara para retocar o cimento e o folgado cimentou por cima da
sujeira. Na primeira chuva saiu todo o cimento, não adiantou nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Zé
olhava e pensava nas enchentes que vira no noticiário na noite anterior. Nisso,
um bêbado dá sinal para o ônibus. A porta se abre, ele agarra o corrimão, atira
a lata de cerveja no meio da rua e sobe. O cobrador aproveita e arremessa um
monte de papel picado pela janela.Um passageiro cospe pela janela e um garotinho joga papel de bolacha pela janela seguinte.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">A
vizinha do tapeceiro resolve lavar o quintal, manda um balde cheio, e a água com
sabão escorre pela calçada. As pessoas paradas esperando o ônibus se afastam
erguendo um pé de cada vez. Reclamam, mas a vizinha nem liga e esfrega o chão
com a vassoura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Zé
olhava e pensava que era melhor ficar lavando xícara o inteiro do que sujar a
rua daquele jeito. Gente porca. Depois reclamam das enchentes.<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8588231057389088447.post-9136745099171229322016-01-10T04:54:00.000-08:002016-01-10T05:11:51.755-08:00Cascuda...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkVB2PYilHbi8eDSwZx3KId2nHJucDQwhxZK2hZstadlNy6Huq28-_i5P24AfmGQLQwoaYoyq3bG7ynt_83Ybmh9gns9xhvSGdL9rW-Wrv7pW7lb_ycnV9sMlXs7PrnMSkCcjeka_NMpAh/s1600/barata.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="189" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkVB2PYilHbi8eDSwZx3KId2nHJucDQwhxZK2hZstadlNy6Huq28-_i5P24AfmGQLQwoaYoyq3bG7ynt_83Ybmh9gns9xhvSGdL9rW-Wrv7pW7lb_ycnV9sMlXs7PrnMSkCcjeka_NMpAh/s200/barata.png" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">… e asquerosa, lá estava ela parada no cano da
torneira da pia. Era grande, repugnante, a desgraçada, com antenas duas vezes
seu tamanho tateando o cano enferrujado. Suas asas pardas se entreabriam e
fechavam em um movimento lento e nojento, parecia que ia voar. Zé pegou a
vassoura, escorregou o pé para fora do chinelo, abaixou-se e o empunhou como
uma segunda arma de defesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">E a
barata lá, só mexendo as antenas. Zé optou pelo chinelo. Desferiu um golpe
certeiro e a bicha caiu de costas na pia. Ficou imóvel por uns segundos, mas
depois começou a mexer as pernas tentando se desvirar. Conseguiu! A chinelada
não fez efeito e ela saiu lépida entrando atrás do quadrinho do Sagrado Coração
de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Zé
largou a vassoura e foi procurar um inseticida. Derrubou tudo o que estava na
prateleira, pegou o aerosol e mirou no quadro, apertando o pino como quem
aperta o gatilho de uma arma assassina. O líquido formou uma névoa e depois
escorreu pelo quadro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">- Agora
eu matei! – disse ele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Continuou
sua rotina, limpou a sujeira, guardou a bagunça, lavou bem as mãos e disse bom
dia a um freguês que acabava de entrar. Cafezinho carioca com espuma de leite,
um copo de água sem gelo e um pão de queijo. Pão de queijo não tinha, foi pão
de batata. Começaram a conversar sobre o calor, o trânsito, nada de mais. O
sujeito era amável e Zé, que estava gostando do papo, serviu a água e em
seguida colocou no balcão o café e o pão em um pratinho. O freguês começou a
fazer perguntas sobre a coleção de xícaras, Zé se distraiu e quando bateu o olho no balcão viu a
baratona em cima do pão de batata. Ficou sem ação. O freguês, que
estava de costas, continuou falando. E agora? Cadê a vassoura? Estava longe. E
o chinelo? Era a sua chance. Sorrindo fez uma espécie de reverência, pegou o
chinelo e tacou na barata por cima do ombro do freguês. Ela fugiu de novo.
Filhadaputa! E agora ele havia ficado mal com o simpático cliente que provavelmente
jamais voltaria a café. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">E não é
que o Zé estava enganado? O cara era biólogo, não estava nem aí com a dita
cuja.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0