21 dezembro 2015

Responsa

Zé, estou grávida.
--Grávida. GRÁVIDA???
--É.
--Não pode ser. Não pode ser. A gente nunca...
--Foi naquele dia, lembra? A gente achou que dava? Não deu.
--E agora? O que a gente vai fazer?
--Nada. Eu quero o bebê. fui ao médico. Está tudo bem, não se preocupe, eu queria contar pra você porque estou feliz.
-- Como assim? Não estou entendendo. Eu não estou pronto ainda.
--Eu disse que vou ter o bebê, você não precisa me dar nada. Eu quero ter essa criança e ela será muito feliz. Eu quero muito.
--Preciso de tempo para pensar, depois tem a Dalva na parada, você sabe que eu estava com ela quando a gente andou saindo.
--Claro que eu sei. Nunca te cobrei nada. Quer saber?  Acho que ela tem mais a ver com você do que eu. Estou num emprego estável, dou conta, depois minha mãe sabe, liguei para ela e ela vai me ajudar. Faz tempo que não tem criança na família.
--Menina, que loucura! Você me pegou de surpresa. Estou besta, não sei o que dizer. Preciso pensar, me dá uns dias. O café está cheio tenho de voltar...
--Olha Zé, você é uma pessoa muito legal e eu estou feliz que seja o pai do meu filho, mas acho melhor a gente não se ver mais. Eu estou bem, nós vamos ficar muito bem. Fique tranquilo.
--Espera aí! Qual é? Você vem aqui, me dá um puta susto, me conta que eu vou ser pai e vai embora assim? Não está certo. Eu tenho responsabilidade. Olha só, vou dentro pegar um dinheiro para você. Você me espera? Hein? Fica aí, eu volto já.
--Está bem, eu espero.



Zé entrou no minúsculo depósito, pegou uma caixa de sapato e separou umas notas que estavam enroladas em um elástico. Quando ele voltou com dinheiro na mão ela não estava mais. Zé saiu pela rua gritando seu nome, mas ela havia desaparecido.

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