Zé,
estou grávida.
--Grávida.
GRÁVIDA???
--É.
--Não
pode ser . Não
pode ser . A gente
nunca ...
--Foi
naquele dia , lembra? A gente achou que
dava? Não deu.
--E agora ? O que a gente vai fazer ?
--Nada.
Eu quero o bebê .
Já fui ao médico .
Está tudo bem ,
não se preocupe, eu
só queria contar
pra você porque estou feliz .
-- Como assim? Não
estou entendendo. Eu não estou pronto ainda .
--Eu já disse que
vou ter o bebê , você não precisa me dar nada . Eu quero ter essa criança
e ela será muito
feliz . Eu quero muito.
--Preciso
de tempo para
pensar , depois
tem a Dalva na parada , você
sabe que eu
já estava com
ela quando
a gente andou saindo.
--Claro
que eu
sei. Nunca te cobrei nada. Quer saber? Acho
que ela
tem mais a ver
com você do que eu . Estou
num emprego estável ,
dou conta , depois
minha mãe
já sabe, liguei para
ela e ela
vai me ajudar .
Faz tempo que não tem criança na família.
--Menina,
que loucura !
Você me pegou
de surpresa . Estou besta, não sei o que
dizer. Preciso pensar, me dá uns dias. O café está cheio
tenho de voltar ...
--Olha
Zé, você é uma pessoa muito legal e eu estou feliz que seja o pai
do meu filho ,
mas acho melhor
a gente não
se ver mais . Eu estou bem , nós vamos ficar muito bem . Fique tranquilo.
--Espera
aí! Qual é? Você vem aqui, me dá um puta susto, me conta que eu vou ser pai e
vai embora assim? Não está certo. Eu tenho responsabilidade. Olha só, vou lá dentro pegar
um dinheiro para você . Você
me espera? Hein? Fica aí, eu volto já.
--Está bem , eu espero.
Zé
entrou no minúsculo depósito, pegou uma caixa de sapato e separou umas notas
que estavam enroladas em um elástico. Quando ele
voltou com dinheiro na mão ela já não estava mais .
Zé saiu pela rua
gritando seu nome ,
mas ela
havia desaparecido.
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