15 fevereiro 2013

Luto



Velório digno, caixão com alças douradas, muitas flores abafando melancolias. Não vejo mais meu irmão, vejo um boneco de cera bem vestido e descorado. E agora? Como vamos fazer? – pergunto em pensamento. – Agora, nada. Não é mais problema meu – responde o fantasma sobrepairando o corpo. Pescávamos girinos no riachinho, fazíamos pipa com bambu, jornal e cola de farinha. Inventamos um cineminha com tiras de gibi, ouvimos Beatles e Rolling Stones, trabalhamos juntos com a mesma afinidade dos tempos de criança. Semana passada, fui lhe fazer companhia: cantamos. Sabíamos que era uma despedida, eu quis falar, você não deixou. Estou saindo da empresa, sem você lá não faz sentido. E agora? Agora nada. A vida continua desfalcada.

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