07 junho 2008

crônica de 1500 toques

Telhados da minha janela

Moro no segundo andar de um edifício, em um apartamento que é de fundos, o que diminui bem o barulho da avenida. Porém, a vista que tenho é a de um outro edifício residencial e, no meio, entre um prédio e outro, há uma dessas casas de cômodos, da qual vejo apenas os telhados.

A fachada da casa não foi modificada, está como devia ser antigamente. O telhado original é bem bonito, com telhas francesas. Porém, o casarão se estende em vários puxadinhos, todos muito feios. Ao lado da casa, são duas construções; nos fundos, no que seria a lavanderia, as telhas são de plástico. E no final do terreno há um puxadinho maior, cujo telhado virou uma espécie de depósito, cheio de tranqueiras e folhas de árvore.

Por sorte, no meio dessa construção improvisada, há uma enorme caramboleira, que ameniza o cenário. Provavelmente, nos dias de chuva, esses telhados mal feitos devem ter goteiras, mas parece que as pessoas não se importam muito com esses detalhes, preocupadas que estão em sobreviver.

O puxadinho virou um ícone cultural, telhado foi substituído pela laje, que passou a ser o lugar de lazer. Foi esse o jeito que as pessoas de menor poder aquisitivo encontraram para resolver o problema de moradia. É uma pena que as pessoas não saibam que, fazendo essas construções clandestinas, gastam mais em material e correm sérios riscos.

Esse é mais um dos problemas de cidades grandes como São Paulo e o caminho das soluções é bem longo e estamos longe de saber onde ele vai dar.

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