06 março 2009

Feiticeira

Ela era bruxa, sim, feiticeira disfarçada!

Adorava olhar a lua cheia de madrugada, quando perdia o sono de tanto pensar.
Ficava enfeitiçada pelo luar que a cobria com fios de prata e a tornava uma verdadeira mulher que, na sua plenitude, podia voar leve e solta para qualquer lugar.

De manhã o sol, ao nascer, a cobria com fios de outro que lhe davam poderes de guerreira para lutar nesse mundo onde não se acredita em bruxas.

A chuva lavava sua aura, escorria pelos seus cabelos, pelo seu rosto e corpo, tirando as preocupações e os medos. Com os pés molhados, ela chutava as poças d'água, chutava os preconceitos. O cheiro da terra molhada, o perfume dos deuses da floresta, perfumava seu corpo.

Ela sabia fazer chás para todos os males, preparava poções do amor e banhos de beleza. Acendia velas, dizia rezas antigas com palavras que ninguém podia entender. Acreditava em santos e anjos, mas, poder, só o de Deus, que também é mulher, que não acusa nem castiga, mas move todo o universo em harmonia e mora dentro de cada ser.

Ela era daquelas bruxas que adivinhavam o pensamento dos outros, tinha sonhos e visões, falava com gnomos e duendes e brincava com as fadinhas das flores, que usam vestidinhos transparentes das cores das flores que elas cuidam.

Às vezes, quando estava com muita raiva, ficava velha, descabelada, com um olhar que dava medo e quebrava tudo, chamando raios e trovões, trincando vidraças. No entanto, cantava, dançava e mudava a cor dos olhos quando estava feliz.

Era teimosa, impaciente, impulsiva, punha os pés pelas mãos tentando encontrar quem a compreendesse. Nesse mundo, ninguém entende as feiticeiras, por isso elas vivem solitárias em florestas encantadas.

Um comentário:

contraditório disse...

Muito bom!!
Me identifiquei muito com essa feiticeira!
Tem um pouco de cada mulher!
lindo,
parabéns!
bjs
Nara