Domingo a
Av. Paulista é dos paulistas.
Bacana a ideia, todo mundo passeando, andando de
bicicleta na ciclovia e na rua, aproveitando o dia lindo de sol. Só que não.
Não mesmo.
Infelizmente,
o conceito de que a cidade é de todos só é bonito no discurso. Sem o mínimo de
respeito ao outro não dá.
Enquanto as
pessoas confundirem liberdade de expressão com vandalismo as boas intenções não
vão funcionar.
Enquanto o
conceito for “eu mereço ser feliz o outro que se dane”
Enquanto as
pessoas não respeitarem as mínimas regras de cidadania e espalharem lixo em
grande escala entupindo bueiros, quebrarem garrafas, lixeiras e propriedades públicas, fizerem xixi na rua esse
país não pode dar certo.
Não adianta por a culpa no outro.
Domingo, dia 3 de setembro, na Paulista,
próximo ao Masp, feliz da vida na companhia de um amigo querido, eu caminhava na
calçada em meio ao pandemônio. Um rapaz, parado, empurrava o skate com um pé, para
frente e para trás, no sentido transversal ao fluxo de pessoas. Eu precisei desviar
rapidamente para o skate não lascar minha canela.
Nisso, do nada, no meio daquele monte de gente, surge na minha frente uma moça de
bicicleta (veja bem, na calçada cheia de gente, não na rua ou ciclovia) e vem
com tudo para cima de mim. Literalmente para cima de mim. Tentei me agarrar em
algo, acho que foi a bolsa dela, mas acabei caindo no chão. Só vi a bicicleta
vindo em cima de mim. Bati a cabeça, a mão, o quadril, enfim, levei um tombão.
Fiquei com medo de me levantar e estar toda quebrada, mas consegui. Por sorte. Poderia
ter sido bem pior.
Ouvi meu
amigo xingando enquanto me ajudava a levantar. Ainda bem que ele teve o bom
senso de não gerar mais violência, porque no final das contas ia sobrar para
nós, os agredidos. Direitos humanos, direito do cidadão, das causas, dos gêneros,
das minorias, etc. etc.
A doida da
bicicleta nem caiu. Quando me viu de pé ainda me perguntou se eu me machuquei!
Claro que me machuquei! Estou toda doída, sua doida...
Triste, indignada.
Cair na rua traz
uma sensação de desamparo, de impotência diante da inconsequência do outro.