Seis da tarde, pego o ônibus na Paulista para ir à aula. Sento logo no primeiro banco. Atrás de mim um senhor bigodudo e todo conversador. Próximo ponto. Entra uma senhora magrinha, de jeans e blusinha rosa, carteira debaixo do braço, muitas pulseiras e aneis. Maquiagem carregada, cabelo loiro preso com fivelas coloridas. Pela mão percebo que era homem, quando pede licença para sentar ao lado do senhor falante, a voz confirma minha suspeita.
Os dois começam a conversar e falam alto: ele todo cavalheiro, ela fazendo charme, diz que adora homem de bigode, me cutuca no ombro e pergunta se eu também gosto... Respondo, rindo, que sim. A essa altura o motorista resolve interferir e diz que homem tem que ser macho. O cobrador dá risada.
O senhor pergunta se ela sempre toma o ônibus naquele horário, diz que é aposentado como motorista, mas trabalha por ali. Ela diz que sim, e o chaveco continua... Maior clima. Quando o assunto está ficando quente ele tem que descer. Despedem-se, ele joga um beijo, ela suspira...